São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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PSDB teme efeitos da inflação

SÔNIA MOSSRI; MÁRCIA MARQUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os caciques do PSDB já estão com medo do efeito da disparada dos preços, provocada pela instituição da URV (Unidade Real de Valor), na candidatura do ministro Fernando Henrique Cardoso (Fazenda) à Presidência da República. O temor foi confessado ontem à Folha pelo presidente do partido, Tasso Jereissati: "O aumento de preços cria problemas e atropela a candidatura (de FHC)".
Apesar do temor, Tasso insistiu que "só um acidente impediria a candidatura de Fernando Henrique". O combate à escalada dos preços já havia sido escolhido pelo líder do governo no Senado, Pedro Simon (PMDB-RS), como a principal estratégia de início de campanha para FHC.
O governador tucano Ciro Gomes (CE) tornou público outro temor: "o processo de autofagia" que o PSDB está enfrentando. "Estou impressionado como o partido usa toda sua energia para se destruir internamente", desabafou. Ele referia-se às divergências internas, especialmente entre Tasso e o senador Mário Covas (PSDB-SP), sobre uma possível aliança com o PFL.
Ciro Gomes defendeu a realização de alianças com o que chamou de "forças políticas afins". Para o governador cearense, os tucanos estão se agredindo por causa de um "balão de ensaio" –foi assim que ele classificou as notícias sobre uma possível coligação entre PSDB e PFL. "Se a gente fala em aliança com o PT, alguém já fala 'não'. É impossível. Em política existem várias cabeças", afirmou.
'Aliança é prematura'
Tasso, que acompanhou Ciro Gomes na posse e transmissão de cargo do senador tucano Beni Veras (PSDB-CE) no Ministério do Planejamento, voltou a não descartar a possibilidade de aliança com o PFL, mas disse considerar "prematura" a questão.
Segundo ele, o ministro da Fazenda é o "candidato natural" do PSDB; em decorrência disso, as alianças políticas só poderão ser feitas depois que o partido tiver o nome definido. O presidente do PSDB diz que o ministro já cumpriu seu papel de negociador do plano econômico e que um técnico poderá assumir sua função. "Os passos seguintes têm que ser dados no ano que vem, e é aí que o talento de Fernando Henrique tem que ser utilizado", justificou.
Tasso nega que seja o eventual substituto de FHC na Fazenda. "Dificilmente o Fernando Henrique me pediria isso", afirmou o presidente do PSDB, também cotado como candidato do partido ao Planalto, caso o ministro permaneça no cargo.
O presidente do Banco Central, Pedro Malan, é apontado no PSDB como o provável substituto de Fernando Henrique na Fazenda, contando para isso com o apoio do grupo palaciano. (Sônia Mossri eMárcia Marques)

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