São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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As vantagens da catraca eletrônica

FRANCISCO A.N. CHRISTOVAM

As transformações da sociedade moderna adquirem um ritmo cada vez mais vertiginoso, em especial na área tecnológica. Quando uma administração pública resolve atuar em sintonia com essas transformações, como ocorre com a gestão do prefeito Paulo Maluf, é natural que provoque reações.
A insegurança diante do novo não deve, porém, assumir a forma de preconceito, como vem ocorrendo na questão da instalação das catracas eletrônicas nos ônibus de São Paulo. A crítica estéril diante de uma suposta demissão em massa de 20 mil cobradores –que seria condenável e jamais foi cogitada– não pode suplantar a análise serena dos benefícios para o usuário e da economia de custos para os cofres públicos que o novo sistema pode trazer.
Cabe esclarecer certos pontos da questão que as críticas mais contundentes simplesmente não levam em consideração.
1) Para a cobrança da tarifa (cobrador + confecção do passes + seguros + despesas administrativas), são dispendidos 34% sobre o valor arrecadado;
2) pela proposta adjudicada pela CMTC na licitação das catracas eletrônicas, toda a cobrança representará apenas 5,9% sobre o montante da arrecadação, significando uma economia mensal de 28% dos US$ 60 milhões arrecadados mensalmente com a tarifa;
3) com o bilhete magnético será possível a livre baldeação, facilitando a racionalização das linhas, com menor espera;
4) o bilhete magnético é mais seguro, porque impossível de falsificar. A CMTC emitirá ao consórcio proponente as guias de fabricação, individualizadas, numeradas e controladas, e os bilhetes serão confeccionados pela Casa da Moeda;
5) a demanda no sistema de transportes municipais aumentará, reduzindo o custo por passageiro e diminuindo ainda mais a necessidade de subsídio;
6) finalmente, mas não menos importante, os cobradores. A função apresenta o alto índice mensal de 4% de rotatividade, porque muitos dos que a exercem têm qualificação e buscam empregos mais bem remunerados. Cessando a contratação, haverá uma redução natural. Durante a transição, que levará dois anos, eles também serão importantes auxiliares de venda de passes.
Resumindo, não é preciso visitar as grandes metrópoles mundiais para se compreender que a tecnologia gera problemas localizados, mas que podem e devem ser superados, para que toda a sociedade seja beneficiada com um transporte de menor custo e maior qualidade.

FRANCISCO ARMANDO NOSCHANG CHRISTOVAM, 41, engenheiro civil, é diretor-presidente da Companhia Municipal de Transportes Coletivos. Foi secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Transportes (1986-87).

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