São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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Geleira do Ártico pode acelerar o efeito estufa, dizem britânicos

MARCELO LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos cenários mais preocupantes de efeito estufa, os chamados "feedbacks positivos" figuram como pesadelos: o aquecimento da atmosfera poria em marcha reações em cadeia capazes de desregular de vez o relógio do clima. Nada está provado, mas cientistas britânicos anunciaram indícios de que uma das peças do mecanismo, as geleiras do Ártico, podem estar adiantando os ponteiros.
A pesquisa envolve a geleira Odder, que se forma a cada inverno acima do Círculo Polar Ártico, e foi relatada na edição de ontem do jornal londrino "The Times". Segundo Peter Wadhams, do Instituto de Pesquisa Polar Scott da Universidade de Cambridge, uma elevação de apenas 0,14 grau Celsius nas águas polares estaria diminuindo a quantidade de água congelada e dificultando a filtragem de gás carbônico –CO2, principal causador do efeito estufa.
Até agora, o congelamento em larga escala funcionava como um eficiente afundador de CO2. Como o gelo ártico não retém sal, o congelamento aumenta sua concentração nas águas superficiais, nas quais há muito CO2 dissolvido. O sal as torna mais densas e elas afundam, levando o gás-estufa a profundidades de até 4.000 metros, onde ele é aprisionado por sedimentos durante milhões de anos. Até 20% do gás carbônico é retirado da atmosfera por essa via.
O que Wadham mostrou é que a bomba de Odder está perdendo força e só consegue empurrar o CO2 até 1.000 metros. Tal profundidade é insuficiente para desativar o gás, que volta à atmosfera.

Com agências internacionais

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