São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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Quadrilhas cariocas de tráfico controlam indústria de sequestros

DA SUCURSAL DO RIO

A atual onda de sequestros e assaltos a carros-fortes no Rio mostrou à polícia as novas diretrizes das duas principais facções do crime organizado no Estado. Segundo o delegado Hélio Vígio, titular da DAS (Divisão Anti-Sequestro), os grandes traficantes do Comando Vermelho e do Terceiro Comando montaram "empresas informais", que fornecem homens, armas, planejam o recebimento de resgates e contam até com especialistas em negociar com as famílias.
Segundo a polícia, Flavio Negão, de Vigário Geral, Orlando Jogador, do complexo de favelas do Alemão, e Marcelo Xará, da Varginha, já acumulam a venda de drogas com os sequestros e assaltos a blindados há meses. "A novidade agora são as quadrilhas menores sequestrando pequenos comerciantes para obter dinheiro e comprar drogas", diz o inspetor Placídio Guimarães, chefe de operações da DAS.
Outras quadrilhas, como a do traficante Robertinho, de Parada de Lucas, ligada ao Terceiro Comando, alugam armas sofisticadas para operações de sequestro e assaltos a carros-fortes. Fornecem também homens para as ações em troca de porcentagens do resgate. Joel de Oliveira Carvalho, segundo ele, é "especializado em negociar com as famílias das vítimas" e presta serviços a sequestradores.
O delegado Vígio diz que os traficantes costumam comprar a droga em consignação. "Se eles têm um paiol de cocaína estourado pela polícia, precisam arranjar dinheiro rápido para comprar mais e não perder o fornecedor", disse.
Atualmente, segundo a DAS, há sete pessoas sequestradas no Estado do Rio.

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