São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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Cai o desempenho do São Paulo

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O São Paulo deste ano é pior do que o do ano passado. Números do Datafolha mostram que o desempenho da equipe bicampeã mundial caiu em itens considerados chaves pelo técnico do time, Telê Santana. Ontem, Telê disse que deve fazer alterações na equipe.
A Folha comparou o desempenho do São Paulo no atual Paulista com o obtido no Paulista e no Brasileiro do ano passado. O objetivo é levar em consideração as características próprias de cada competição.
O São Paulo caiu mais no fundamento basilar da filosofia de jogar implantada por Telê Santana: o passe. O São Paulo de 1994 não é mais o time de toque de bola que se via no ano passado. O número médio de passes certos caiu de cerca de 340 no ano passado –339 no Paulista e 347 no Brasileiro– para 233, uma queda de 32%.
Apesar disso, o número de passes errados permaneceu constante. A porcentagem sobre o total de passes cresceu de 19% para 26%, um crescimento relativo de quase 40%. Segundo a filosofia de Telê, perder a bola significa se desgastar mais em campo, porque é necessário correr atrás do adversário.
Nesse mesmo raciocínio, é importante manter a posse de bola. O time de 94 também é pior do que os dois times de 1993 (Paulista e Brasileiro). Há uma queda de cerca de três minutos no tempo de posse de bola (29min para 26min), ou 10% a menos.
Antes da volta das férias do técnico Telê Santana, o seu substituto e atual interino, Muricy Ramalho, já demonstrava uma preocupação nesse sentido. Ele via que a bola não ficava com o São Paulo. Quando chegava ao ataque, o time perdia a posse e era novamente atacado. O número de bolas perdidas, reflexo disso, aumentou de 35,36 para 42 por jogo (crescimento de 14%).
O único fundamento em que o São Paulo apresentou uma evolução em relação a 1993 foi no número de finalizações certas. Passou de cinco para seis por partida.
Telê atacou ontem os principais jogadores do São Paulo. "Se eu estivesse disputando uma posição na seleção brasileira, eu me esforçaria bem mais", afirmou, depois do treino dos reservas. Ele chegou a insinuar que nenhum jogador do São Paulo merece ser convocado, se eles continuarem a jogar do jeito que estão.
O meia Leonardo negou que o São Paulo esteja em decadência. Ele classificou a partida de quarta-feira, quando o time foi goleado pelo Novorizontino, como anormal. "Nada do que fizemos deu certo. E cada vez que eles atacaram saía um gol. É uma partida para se esquecer", disse.
Leonardo disse que no segundo tempo a equipe jogou melhor, mas já era tarde. "Foi como no jogo contra o Bragantino (derrota de 1 a 0), dominamos, mas não fizemos o gol."
A Folha apurou que, pelo menos para alguns jogadores, o problema do atraso no pagamento dos prêmios e bichos não é causa da mau rendimento da equipe. Primeiro, porque o clube tem uma história de sempre pagar em dia e segundo porque o clube, de fato, já pagou todos os atrasados.
Para Telê, os jogadores do São Paulo só querem saber de "carros importados e namoradas e estão pouco interessados em jogar futebol." Ele não citou nomes, mas afirmou que deve tirá-los do time para "mostrar a eles que ninguém é insubstituível."

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