São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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O trabalho divino nunca é sem valia

PAULO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

As festas de Valência, na Espanha, têm um curioso ritual, cuja origem está na antiga comunidade dos carpinteiros. Durante o ano inteiro, artesãos e artistas constroem gigantescas esculturas de madeira. Na semana de festa, levam estas esculturas para o centro da praça principal. As pessoas passam, comentam, se deslumbram e se comovem diante de tanta criatividade. Então, no dia de São José, todas estas obras de arte –exceto uma– são queimadas numa gigantesca fogueira, diante de milhares de curiosos.
"Por que tanto trabalho à toa?", perguntou uma inglesa ao meu lado, enquanto as imensas labaredas subiam aos céus.
"Você também vai acabar um dia", respondeu uma espanhola. "Já imaginou se, nesse momento, algum anjo perguntasse a Deus: 'por que tanto trabalho à toa?' ".

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