São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Justiça quebra sigilo de 25 no caso Engesa

DA FOLHA VALE

A promotora de Justiça Heloísa Maluf, 30, informou ontem que foi quebrado, esta semana, o sigilo bancário de 25 pessoas físicas e jurídicas suspeitas de corrupção ativa no processo falimentar da fabricante de armamentos Engesa. A promotora não quis revelar nomes, para não atrapalhar o processo. "Essas pessoas não estão sabendo da quebra", disse Heloísa. Elas podem estar envolvidas no pagamento de propinas ao ex-síndico da massa falida da empresa, Elizier Trindade, afastado do cargo porque recebeu o equivalente a US$ 3,2 milhões da própria Engesa e de uma coligada sua, a Engesa Química.
As principais suspeitas de corrupção ativa caem, segundo Heloísa, sobre sócios e altos executivos do grupo de empresas coligadas –Engesa, Engesa Química, Engelétrica, Engexco– e também sobre a Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil), empresa pública ligada ao Exército brasileiro. Heloísa deu essa informação às 18h de ontem, quando não era mais possível encontrar as pessoas citadas. A Folha apurou que outras empresas podem estar relacionadas ao caso.
O ex-síndico Trindade recebeu os US$ 3,2 milhões em quatro cheques assinados por procuradores da Engesa e da Imbel–interventora da empresa na época– em 91, quando era comissário da concordata da fabricante de materiais bélico. Trindade contratou na
quinta-feira o advogado Márcio Thomaz Bastos para defendê-lo. Embora ainda não haja um processo criminal, Trindade pode enfrentar uma prisão administrativa com os indícios já existentes, e ter que devolver o dinheiro recebido à massa falida da Eng
esa.
Trindade afirmou em depoimento à Justiça que recebeu esse dinheiro como adiantamento de honorários. Mas Heloísa disse que ele só poderia receber honorários no final do processo e estes seriam equivalentes a US$ 5,4 mil.

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