São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Quércia aponta 'versão mentirosa'

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Contrariado com documento que circula no Senado lançando sua candidatura para o governo paulista e a de Luiz Antonio Fleury Filho para presidente, Orestes Quércia enviou ontem telegrama a todos os senadores do PMDB e ao presidente do partido, Luiz Henrique. "Quero desautorizar formalmente essa versão que, por ser mentirosa, só pode ser atribuída à má-fé de quem a divulga", diz Quércia.
Peemedebistas ligados a Quércia dizem que o documento é uma manobra de fleuryzistas, comandados pelo deputado Luiz Carlos Santos, líder do governo na Câmara e articulador do plano para transformar Fleury no candidato presidencial do PMDB. Quércia mandou o mesmo telegrama para o líder do PMDB, deputado Tarcísio Delgado, que ontem escreveu texto no "Jornal do Brasil" pedindo para ele, em "um gesto de grandeza", desistir de sua candidatura.
No telegrama a Delgado, Quércia acrescentou trecho respondendo ao texto escrito pelo deputado. "A grandeza de um político, senhor deputado, está em sua determinação de lutar pelas decisões democraticamente tomadas pelo partido e não na abdicação ou na renúncia ao dever de corresponder ao desejo de suas bases", disse, no telegrama a Delgado.
Em São Paulo, os quercistas já começaram a contar os dias que faltam para a adesão de Fleury ao seu antecessor. Junto com fleuryzistas, discutem a melhor oportunidade para o governador anunciar seu apoio. Até ontem, a data preferida era o encerramento do Congresso dos Municípios, no próximo dia 20, em Serra Negra (SP). Quércia e Fleury chegariam juntos e selariam a paz.
Os quercistas querem evitar uma saída humilhante para Fleury. Depois de negar adesão a Quércia, o governador tentou reunir apoio de líderes nacionais do PMDB em torno dele. Ao constatar a fragilidade de sua candidatura, recuou e agora caminha em direção a seu padrinho eleitoral. Um quercista comparou Fleury a uma estrela principal de um filme que, depois de algum tempo, torna-se coadjuvante para, no final, ser apenas um simples figurante.
O governador vai tentar condicionar seu apoio a Quércia à tarefa de coordenar a escolha do candidato do PMDB para sucedê-lo. O ex-governador não se opõe. Alguns peemedebistas acreditam que o nome preferido por Fleury é o de Fernando Boucinhas, seu amigo pessoal e secretário de Planejamento. Mas o governador enfrentará dificuldades. O deputado João Leiva, vice-presidente do PMDB, diz que haverá prévia para a escolha do nome.(Emanuel Neri)

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