São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Segurança nacional

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Mal dá para acreditar, mas a dupla Humberto Lucena e Inocêncio Oliveira está fazendo de tudo para punir Hebe Camargo. E só porque a apresentadora de televisão foi chamar os faltosos do Congresso de "vagabundos". Apenas os faltosos, como ela dizia, democrática, na segunda: "Não são todos... Não são todos..." São aqueles mesmos que já vinham e continuam sendo ameaçados por Humberto Lucena e Inocêncio Oliveira.
E agora não é só com Hebe. Também Boris Casoy, também Eliakim Araújo e mulher, também quem mais abrir a boca no SBT. O que começou com a acusação de que a apresentadora havia pedido o fechamento do Congresso –acusação falsa, de quem ouviu boatos no dia seguinte– vai tomando ares de campanha de censura. Agora, Hebe Camargo já vai ser processada como uma "ameaça à segurança nacional".
No TJ, o âncora Boris Casoy não segurou o sarcasmo:
"E eu, que nem desconfiava que a Hebe Camargo, com aquela carinha, dizendo, 'que gracinha', fosse uma mulher tão perigosa, a ponto de atentar contra –veja só– contra a segurança nacional. Perigosíssima. Agora eu vou tomar cuidado quando encontrar a Hebe Camargo pelos corredores aqui do SBT. Uma mulher desse perigo, que está atentando contra a segurança nacional..."
Em seguida, já muito mais sério, revelando a sua irritação: "É claro que a Justiça brasileira, que ainda funciona, que é cega mas não é burra, vai ver essa história direitinho e fazer justiça. Quanto a mim, não tenho muito, não tenho nada para explicar." Como Boris Casoy, também não têm o que explicar Eliakim Araújo, nem Leila Cordeiro, nem Paulo Lopes, nem ninguém mais do SBT.
Muito ao contrário da dupla Humberto Lucena e Inocêncio Oliveira, ano passado.
Cruz de FHC
Fernando Henrique Cardoso anda tropeçando em palavras extremamente esclarecedoras. No "Jô Soares Onze e Meia", dias atrás, o ministro já havia falado dos "benefícios da Presidência", em vez dos "benefícios da Previdência", como se corrigiu logo em seguida.
Ontem, em entrevista mostrada em vários telejornais, usou uma outra imagem bem reveladora. Disse o ministro da Fazenda, respondendo outra vez sobre sua candidatura: "Os pregos que me seguram lá (na cadeira) são muito grandes."
Pregos, como uma tortura.

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