São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Para empresários, medida é inócua

DA REPORTAGEM LOCAL

A redução das alíquotas de importação para sabonetes, pastas de dente e margarina não resolve o problema dos preços. Essa a opinião de Ronald Rodrigues, diretor de assuntos corporativos da Gessy Lever e vice-presidente da Abipla, que reúne as indústrias de higiene e limpeza. "Primeiro porque nossos preços estão subindo em torno da inflação –entre 38% e 39% ao mês. Segundo porque estes produtos custam mais lá fora. Não podemos esquecer que ainda há o custo com frete. Estamos cansados de dizer que a inflação não é modelo de preços para nós. Levamos em conta os aumentos de preços das matérias-primas, que não tiveram suas alíquotas reduzidas. O engraçado é que as tarifas públicas sobem mais que a inflação e não sofrem perseguição."
Segundo ele, no caso das margarinas, a Gessy não está conseguindo nem repassar a inflação para os preços em razão da forte concorrência entre os fabricantes do produto.
Laboratórios e entidades da indústria farmacêutica ouvidas ontem pela Folha afirmaram que a redução das alíquotas não assusta nem preocupa o setor. A maioria dos produtos já tem alíquota zero. Entre os que ainda pagam Imposto de Importação, os preços mais competitivos no país são suficiente para garantir o mercado.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos, o preço médio de uma cesta de 13 remédios em 92 no Brasil era de US$ 22,15, enquanto na Grã-Bretanha era de US$ 25,84 e na Austrália, US$ 26,11. Na Bolívia e na Índia era de US$ 17,54 e de US$ 6,27, respectivamente.
"Não teremos qualquer problema com importação pois aqui os medicamentos estão entre os mais baratos do mundo", afirmou Wilson Pereira, diretor de assuntos corporativos do laboratório norte-americano Wyeth-Whitehall. Para Carlos Fernando Gross, presidente do Sinfar (que representa a indústria no Rio), na América Latina os remédios só são mais baratos no Equador ou na Bolívia, mas não há importação, mesmo com alíquota zero, devido à qualidade inferior dos produtos.
"Não somos oligopólio e por isso não tememos a concorrência. O líder do mercado de remédios tem menos que 5% de participação", afirmou Gross.
José Eduardo Bandeira de Mello, presidente da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica) diz temer "só as importações ilegais, que trazem produtos perigosos e de baixa qualidade."

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