São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Adolescentes lotam os cursos de teatro

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Fazer teatro é o máximo." Essa é a opinião de dez entre dez adolescentes que deixam de lado esportes, clube e idas aos shoppings para ficar deitando e rolando em cima de um palco.
O cotidiano dessa gente é duro. Eles têm que conciliar o colégio e as outras atividades com as aulas –muita gente que tem aulas todos os dias e muitos cursos oferecem aulas apenas aos sábados. "A gente deixa de fazer um monte de coisa por causa do curso. Todo mundo aqui tem que se desdobrar mas ninguém deixa de levar as aulas a sério", diz Dinah Feldman, 15. Ela faz curso no Macunaíma (escola no centro de São Paulo) há um ano, com aulas todos os dias.
Os motivos para entrar em um curso de teatro são muitos. Segundo Dinah, todo mundo entra no teatro procurando alguma coisa. Fabiana Vajaman, 17, entrou no curso do grupo Tapa tentando se livrar da timidez. "Eu tinha muita dificuldade de me expressar, de dizer o que estava sentindo. Fui fazer teatro para ver se conseguia me soltar mais", conta.
Ela não tem do que reclamar. Hoje diz que está muito mais expansiva e tem mais amigos. Até seus planos para o futuro mudaram. Antes ela queria fazer arqueologia e hoje pensa em prestar vestibular para artes cênicas.
Tem gente que não é tão radical e pensa em conciliar o teatro com outras atividades. É esse o caso de Cyntia Zaclis, 18. Ela cursa administração e mesmo assim não pensa em abandonar as aulas de teatro. "O meu plano é conciliar as duas atividades. Penso em levar o que aprendi aqui para fazer uma coisa mais criativa na administração", diz a aluna do Macunaíma.
No caso de Sherrinne Mendes, 19, o teatro veio como uma tábua de salvação. Ela começou a fazer faculdade de engenharia civil mas abandonou por achar que isso não tinha nada a ver com ela. Acabou tropeçando em um curso de teatro e se encontrando. "O que eu quero mesmo é ser atriz, mas vou fazer outra faculdade para garantir. Só não sei de quê. Eu sou muito perdida", diz. Enquanto não decide, ela continua levando a sério o curso que faz no Macunaíma e sonhando em ser atriz.

Texto Anterior: Mozarteum traz orquestra Concertgebouw
Próximo Texto: Alunos se empolgam e querem ser atores
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.