São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Assassinados extremistas brancos na África do Sul

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Três brancos de extrema-direita foram mortos por soldados do bantustão de Bophuthatswana (África do Sul) quando já haviam se rendido. Pressionado pelos protestos da população, o presidente do bantustão, Lucas Mangope, aceitou participar das eleições sul-africanas de abril, as primeiras multirraciais.
Pelo menos 7 pessoas morerram ontem –totalizando 12 nas últimas 48 horas– e mais de 200 ficaram feridas. A televisão sul-africana }SABC fala em mais de 50 mortos desde quinta-feira. Tropas do Exército sul-africano foram deslocadas para a capital do bantustão, Mmabatho.
Os três membros do neonazista Movimento de Resistência Africâner, pró-apartheid e contrário às eleições, chegavam a Mmabatho para reprimir o levante. Soldados armaram uma emboscada e abriram fogo contra o carro no qual eles estavam. Um morreu instantaneamente. Os outros dois foram executados fora do carro.
}Eu vi os feridos gritando: 'Por favor, Deus, nos ajude, estamos apenas feridos'. Então, vi o soldado disparar seis vezes contra os três, sendo que um já estava morto, disse Kevin Carter, fotógrafo da }Reuter que assistiu à cena.
Ele afirmou que seu carro foi atingido por tiros disparados pelos africâners e que dois outros jornalistas –um do }Washington Post e outro do }Christian Science Monitor– ficaram feridos.
Em Mafikeng (cidade vizinha a Mmabatho), quatro brancos armados abriram fogo contra negros que estavam na calçada. Um jornalista da }Reuter afirmou ter visto os corpos de dois homens e uma mulher rodeados de roupas e sapatos, sinal de que eles poderiam ser saqueadores. Não há confirmação de que se trate de represália pelos três africâners mortos pelos soldados de Bophuthatswana.
Milhares de milicianos brancos, que haviam se deslocado para Bophuthatswana para reprimir a manifestação pró-participação nas eleições, recuaram ontem com a chegada do Exército sul-africano. Eles haviam virtualmente tomado controle de Mmabatho e Mafikeng.
Testemunhas afirmaram que os milicianos foram expulsos de uma base aérea na periferia da capital por soldados sul-africanos. Um porta-voz da separatista Frente do Povo Africâner disse que cerca de 5.000 brancos pró-apartheid foram a Bophuthatswana.
Em Pretória, o presidente Frederik de Klerk disse que a situação da segurança em Bophuthatswana estava }estabilizada e disse que a decisão de Mangope de participar da eleição era }bem-vinda.
}Pretendo liderar o Partido Democrata Cristão do Noroeste na eleição, para manifestar onde a simpatia da Província está, disse o presidente Mangope.
Favorito para vencer a eleição de abril, o líder do Congresso Nacional Africano (CNA), Nelson Mandela, disse que Mangope ainda não garantiu liberdade política suficiente para o bantustão.

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