São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994
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Catracas automáticas

JETHER ABREU

Desde 1979 a cobrança automática de passagens de ônibus vem sendo cogitada como mais uma alternativa de baixar os custos dos serviços de ônibus, em cerca de 18% e outros benefícios como o aumento na velocidade comercial devido à maior rapidez no embarque, com aumento na frequência das viagens, tendo-se aí um sucedâneo de aumento da frota ou na oferta dos lugares.
Pelo que se tem lido no noticiário, ainda pairam dúvidas para a efetivação desse sistema. Ora é o problema inevitável do desemprego dos cobradores, ora é o custo do investimento em equipamentos de cobrança, ora é a operação com múltiplas tarifas –simples, integrada ou escolar, nesse caso devido à necessidade de identificação das passagens para facilitar o reembolso às operadoras.
O problema do desemprego terá vida curta, pois os cobradores e recebedores de férias poderão ser reabsorvidos, em parte, na venda de passagens e, como atenuante, tem-se a elevada rotatividade de cobradores que alivia o problema social do desemprego.
O investimento nos equipamentos poderá ser totalmente custeado pelas empresas operadoras que, hoje, contam com tarifas generosas de cerca de US$ 0,45. Tarifa bastante elevada. Basta lembrar que em passado recente, entre 1980 e 1988, em média situou-se em US$ 0,16, para depois de 1988 elevar-se para US$ 0,32, em parte explicado por dois fatores –o aumento no custo da mão-de-obra devido aos preceitos constitucionais de redução da jornada de trabalho e outros benefícios, como também o sistema de municipalização, cobrança por quilômetro rodado de duvidosa melhoria na qualidade dos serviços.
A atual administracão resolveu eliminar a municipalização, alegando seu elevado custo, baixando a tarifa para US$ 0,30, mas logo a seguir, sem justificativa plausível, elevou-a a US$ 0,45.
Ora, com essa tarifa as empresas operadoras podem e devem bancar o investimento e a operação do sistema de cobrança automática, economizam-se os 5,6% do total da receita que iria para o grupo ou consórcio que pretendia responsabilizar-se pelo sistema.
Essa economia poderá ser transferida para os usuários na forma de tarifas mais baixas em até 12% e o poder público livrar-se-ia do recente problema ético na contratação de empresas alheias ao sistema de transporte por ônibus de São Paulo. Que não se perca essa oportunidade que a maioria dos países civilizados já vem adotando.

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