São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994
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A justiça feita com nossos próprios pés

NANDO REIS; MARCELO FROMER

O bom futebol está só nos clubes
NANDO REIS e MARCELO FROMER
Torcedor de verdade é aquele que vai ao estádio levando consigo o seu rádio, e que, depois, inconformado com um empate ou uma derrota de seu time, volta para casa e, mesmo antes de beijar esposa e filhos, corre como se uma bola lhe tivesse sido lançada na ponta da sala e, já em frente a TV e ainda impregnado do espírito de quem foi a campo, torce desesperadamente para que no VT seu time possa reverter o resultado de um jogo já terminado.
E o futebol é isso mesmo. Acreditando no impossível é que um simples mortal adquire o privilégio de se tornar um amante definitivo desse esporte. E como representantes legítimos desse biótipo é que ainda acreditamos no improvável e que, apesar da intransigência e da ignorância dos Dois do Rio, possamos tentar reverter o resultado desse sortilégio.
Se é verdade que o futebol deve ser reflexo do momento, gostaríamos de fazer, aqui, justiça a alguns jogadores que provavelmente não estarão na lista dos convocados. Alguns nomes já estiveram no grupo, mas foram mal observados e utilizados e outros vêm mostrando em campo porque deveriam ser lembrados. Vamos tratar de analisá-los cada um em seus respectivos clubes, baseado em suas atuações nos campeonatos regionais pelo Brasil.
Antes de entrarmos exatamente nesses comentários, gostaríamos de nos referir a uma declaração perpetrada por Galvão Bueno, durante a transmissão do jogo Palmeiras e Boca Juniors, quando o global locutor, narrando a exemplar coça que os palestrinos estavam aplicando nos argentinos, começou a farejar no ar o cheiro do tetra e foi logo apregoando: "Esse é o ano do futebol brasileiro!". É uma pena que esse excelente futebol brasileiro seja jogado apenas pelos clubes. E por que será? Examinemos algumas causas.
No Corinthians, Viola vem provando que depois de ter ganho mais cancha e massa muscular deixou de ser uma simples promessa. Exímio cabeceador, artilheiro nato, reúne hoje duas qualidades típicas do jogador brasileiro: irreverência aliada à técnica. Ao seu lado Marcelinho vem mostrando que também merece uma chance.
No Palmeiras, a não convocação, até então, de César Sampaio diagnostica um caso sério de insanidade e insensibilidade futebolística da dupla jurássica Teimoso e Velho Zaga. Um jogador completo como Sampaio deveria ter lugar garantido na seleção brasileira. Mazinho não pode ser esquecido. Para quem gosta de números e estatísticas, talvez seja o jogador de melhor aproveitamento nos passes de hoje no Brasil. Roberto Carlos, Antônio Carlos, Edílson e Evair merecem novas chances.
Pelo São Paulo, Leonardo é sem dúvida uma excelente opção para ocupar a camisa 10 que dizem já não ser mais de Raí. Inteligente dentro e fora do campo, sua perna esquerda tem proporcionado tanto preciosos lançamentos quanto balançado constantemente as redes adversárias. Palhinha também deveria estar entre os 22. Ainda temos Valdir do Vasco, Ronaldo do Cruzeiro, Djalminha do Guarani... Como vocês vêm, jogadores nós temos.
PS: Como é feia a vinheta da Globo para a Copa.

Com o Teimoso só faltam 94 dias para começarmos a perder mais uma Copa.

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