São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994
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Homossexualismo é doença?

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Homossexualismo não é doença e, portanto, não existe a idéia de cura ou tratamento. A Associação Americana de Psiquiatria (APA) adotou essa posição há mais de 20 anos e desde então considera antiético qualquer tentativa de mudar a "orientação sexual" das pessoas.
Os especialistas preferem falar "orientação sexual" e não "escolha" ou "opção" sexual. A maioria dos homossexuais também acha essa denominação mais correta. Segundo eles, não existe a possibilidade de escolher ou optar. Simplesmente percebe-se que o desejo por pessoas do mesmo sexo é predominante e não existe um controle possível.
É comum que, no processo de maturação sexual, homens e mulheres tenham experiências sexuais com pessoas do mesmo sexo. Isso não significa que a pessoa é ou vai ser homossexual. A definição de uma "orientação sexual" (hetero, homo ou bissexual) é um processo muito mais complexo e depende do desenvolvimento e das experiências de toda uma vida.
A origem do homossexualismo continua desconhecida. Ninguém conseguiu provar até hoje que existe uma causa biológica pura. A pesquisa mais recente nesse sentindo –realizada pelo americano Simon Le Vay em São Francisco-, tentando provar que o hipotálamo dos homossexuais é menor, não foi bem aceita pela comunidade científica. Também não está definido um componente exclusivamente psicológico e a noção de que os pais são os "culpados" é incorreta.
Uma boa parte dos homossexuais jovens passam por fases em que não aceitam sua situação. É comum sentirem depressão, ansiedade, nervosismo e queda no rendimento no trabalho ou na escola. É o que os psiquiatras chamam de homossexualismo ego-distônico. A causa é a difícil adaptação da sua orientação sexual a uma sociedade hostil e cheia de preconceitos. Nesses casos a ajuda de um terapeuta pode aliviar a situação.
Os diferentes relatórios que estudam a sexualidade humana não chegam a um acordo quanto ao número de homossexuais na população. Acredita-se que nos grandes centros urbanos esse número está por volta dos 10% (incluindo homens e mulheres). As pesquisas apontam que o número de homossexuais masculinos é maior do que o das homossexuais femininas.
Sempre foi dito que uma relação homossexual não durava. Nos países em que já existe uma maior tolerância, casais de homossexuais que estão juntos há vários anos agora aparecem e provam que essa estabilidade pode ser alcançada. (Jairo Bouer)

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