São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994 |
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Tanya Donelly, líder do Belly –em breve no Brasil pelo selo Natasha– fala como é ser bonita no mundo do rock
JOY PRESS
Donelly cresceu na vizinha Newport e quando criança era dolorosamente tímida. "Eu era um fracasso quando era pequena –mal conseguia falar com as pessoas. Meu grande desejo era ser invisível. Por isso comecei a fazer todo o possível para me manter assim." Invisível? Uma roqueira invisível? Quando pensamos em artistas, geralmente os visualizamos como exibicionistas, pessoas loucas para se expor, para mostrar tudo que têm, para expor seus desejos em público. Donelly é graciosa, fotogênica e quando está no palco, age com tanta naturalidade quanto qualquer estrela. Mas, ironicamente, ela se diz "super-reservada" e se esconde debaixo de uma armadura de aparente normalidade. Quando Donelly e sua meia-irmã Kristin Hersh tinham 14 anos, elas ganharam guitarras e começaram a compor músicas. A parceria deu no Throwing Muses. Donelly compôs uma ou duas das músicas de cada disco do Muses, e geralmente ela se destacava pelo otimismo que fazia falta no resto do material. Frustrada com a posição secundária que ocupava no Muses, ela acabou deixando o grupo para fundar o Belly (com uma curta passagem pelo Breeders no meio do caminho). Mesmo agora que está por conta própria, Donelly ainda é descrita com rótulos condescendentes, tipo "a irmãzinha menor mais legal do underground". A aparência física de Donelly –baixinha, delicada, mignon– costuma levar as pessoas a reagirem, imaginando que ela é frágil e vulnerável. É uma reação que a deixa furiosa. "Não gosto desse negócio de ser considerada bonitinha. Fico furiosa pelo fato de ser criticada por todos os lados só por causa de minha aparência. Por parte dos homens vem uma atitude protetora que eu não preciso, e por parte das mulheres uma hostilidade porque elas acham que eu faço isso de propósito." A música do Belly frequentemente é descrita como puro pop e superficialmente parece ser o som mais borbulhante e alto-astral que tem por aí. Mas se olharmos com atenção, é surpreendente quantas músicas do Belly dizem respeito a junkies e assassinos, mulheres em desintegração ou sem corpos. Mas o perigo é sempre mantido à distância, cristalizado em pequenos refrões. Donelly concorda: "Com algumas exceções, as canções que escrevei para 'Star' são sempre sobre a dor de outras pessoas". Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Designer se inspira nas diferenças entre os teens Próximo Texto: Tem hora para ser legal e hora para chutar o pau Índice |
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