São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994
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A questão dos médicos; Mutirões; Judiciário; Aposentadoria; Mais solidariedade; Caso Lílian; Apoio a Covas; Contra Lula; Onde está o FGTS? Estatais

A questão dos médicos
"Quando o jornalista Gilberto Dimenstein dá uma cutucadinha em certos grupos (médicos, padres, petistas e até mesmo jornalistas), imediatamente o monstro do corporativismo mostra a sua cara. O citado jornalista e todos aqueles que de alguma forma possam influir para o desenvolvimento deste país, têm a obrigação de denunciar e desmascarar as gangues organizadas que atrapalham a vida da grande maioria da população (alguém já ouviu falar de Conselho Federal de Desempregados ou da Associação de Famintos Brasileiros?). De acordo com a Constituição, todos somos iguais perante a lei. Por que então médicos, engenheiros, publicitários, jornalistas, policiais etc. são julgados por seus pares?"
Guilherme Figueirôa (Brasília, DF)

"Não há problema de ordem ética, moral e profissional se um médico radiologista é chefe do Serviço de Radiologia num hospital público e ao mesmo tempo mantém o seu serviço privado. O salário pago pelo Estado praticamente obriga ao médico ter três, quatro e, às vezes, cinco empregos."
Luiz Gustavo S. Andrade (São Paulo, SP)

"Às vezes, desanimo com a impunidade reinante no país. Mas crio novas forças quando vejo atitudes corajosas como a de Gilberto Dimenstein ao enfrentar essa verdadeira 'máfia branca', que constitui a grande maioria dos médicos. Parece que, para essa carta, o paciente é medido em cifrões."
Roberto Fialho Pereira (São Paulo, SP)

"Como leitor assíduo desta Folha, sinto-me no direito de reclamar do artigo 'Você confia nos médicos?', do jornalista Gilberto Dimenstein (26/02). O ilustre jornalista comete um grande equívoco ao confundir a atuação de maus médicos, a existência de um sistema de saúde governamental falho e criminoso, com a atuação de todos os médicos."
José Eduardo de Aguilar Nascimento (Cuiabá, MT)

"O artigo de Gilberto Dimenstein sobre os médicos continua causando furor no Painel do Leitor, mas talvez parte dos problemas apontados decorram da falta de controle da sociedade sobre estes profissionais. Os pilotos de aeronaves, assim como os médicos não podem errar, mas enquanto os primeiros são submetidos a pelo menos seis avaliações anuais de sua proficiência (dois exames teóricos, dois práticos e dois de saúde), os médicos, depois que recebem os seus diplomas, nunca mais precisam dar satisfação de seus estudos a ninguém."
Pedro Goldenstein (São Paulo, SP)

Mutirões
"Em relação à carta publicada neste jornal, no Painel do Leitor, em 28/02, gostaríamos de esclarecer que a Secretaria Municipal de Habitação não se nega a repassar para os mutirões de construção, mas cumpre determinação do Tribunal de Contas do Município, que condiciona a liberação de novo dinheiro à prestação de contas dos recursos já investidos neste projeto. Esta prestação só pode ser concluída quando as entidades responsáveis apresentarem os recibos e a documentação, comprovando como e quando aplicaram o dinheiro, cuja destinação seria a construção de casas. Quanto às críticas do sr. Paulo Conforto, gostaríamos de esclarecer que os mutirões, aos quais este senhor presta 'consultoria', continuam sem apresentar os recibos para o acerto de contas com a prefeitura."
José Roberto Palladino, coordenador de Comunicação da Secretaria Municipal da Habitação e Desenvolvimento Urbano (São Paulo, SP)

Judiciário
"O descrédito depositado no Poder Judiciário é resultante da falência generalizada das instituições do país, ao contrário do articulista Joaquim Falcão (Tendências/Debates, 9/03), o que se necessita é uma reformulação geral, mas sem a utopia da autonomia financeira, pois se o Executivo diante de malsinados planos econômicos consegue aprovação do Fundo Social de Emergência, IPMF e tantos outros recursos, no mínimo é incoerente que o Judiciário não obtenha verbas suficientes para atendimento da população mais necessitada."
Carlos Henrique Abrão, juiz de Direito (São Paulo, SP)

Aposentadoria
"É absurda a lógica do ex-ministro Stephanes. Diz ele que 'não existe trabalhador braçal que se aposente antes dos 60 anos, quem se aposenta são os professores, profissionais liberais, bancários, metalúrgicos, e outros, aqueles pagam a conta destes últimos'. É incrível, ao invés de procurar uma fórmula social que beneficie aos que 'pagam a conta', ele propõe uma que arrase com todos; ou seja, os braçais continuarão não se aposentando, e em compensação os outros, também não!"
Luiz Rubem Clauzet (São Paulo, SP)

Mais solidariedade
"Meu automóvel teve a sua transmissão quebrada em um semáforo próximo ao Shopping Morumbi, o que lhe impediu de mover-se. Apesar do tráfego intenso, permaneci por longos 15 minutos tentando remover o automóvel sozinho, em vão, pois as rodas dianteiras estavam semitravadas. Ao meu lado passou até um carro do Corpo de Bombeiros que, mesmo vendo o meu inútil esforço, olhou com descaso e passou direto. Até que um jovem casal em um carro da década de 50 –como que revivendo os bons tempos– parou e após muito esforço conseguimos remover o meu automóvel do meio da rua. Será difícil entender que nós próprios nos tornamos vítimas do nosso ódio e descaso ao próximo? Cabe à Folha, como principal jornal do Brasil, dar início a uma grande campanha em favor da solidariedade e cidadania nos grandes centros do país em prol da melhora da qualidade de vida."
Carlos Alexandre Duarte (São Paulo, SP)

Caso Lílian
"Espero que a Folha tenha encerrado de vez o noticiário em torno de Lílian Ramos. Pode muito bem substituí-lo pela análise aprofundada de notícia dada hoje: 'Itamar sai derrotado ao tentar estabelecer controle de preços'. Essa sim é notícia preocupante, imoral e nos atinge profundamente."
Maria Josepha Pisacco Motta (Porto Alegre, RS)

Apoio a Covas
"Através desta, vimos demonstrar nosso apoio ao senador Mário Covas em seu repúdio à aliança espúria do PSDB com o PFL, maculando a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Esta é mais uma manobra das elites políticas e econômicas que ao longo dos anos têm se locupletado do poder e da riqueza nacionais."
Mario João Figueiredo e Agostinho Bertoldi (Curitiba, PR)

Contra Lula
"O articulista da Folha Carlos Heitor Cony não é adepto do ideário nazi-facista. Entretanto, utiliza a técnica de Goebells para executar sua propaganda de desgaste da candidatura Lula. Cony acredita que se 'repetir mil vezes uma mentira ela se tornará verdade'."
Sérgio Amadeu da Silveira (São Paulo, SP)

Onde está o FGTS?
"Desde outubro tenho andado à procura de meu Fundo de Garantia. A Caixa Econômica Federal alega que o Banespa, onde foi feito o depósito, não repassou o dinheiro. O Banespa, onde já estive umas dez vezes, afirma que o dinheiro foi transferido para o Bradesco, mas curiosamente não encontra o documento que prova a operação. O Bradesco não quis nem tomar conhecimento e jura que nada consta em meu nome naquela instituição. Resolvi recorrer à Folha, que é a minha última esperança."
Marta Cardoso (São Paulo, SP)

Estatais
"Fico impressionado com o atual lobby contra as estatais, na onda neoliberal. Convenientemente esqueceram o México, anteriormente à revolta zapatista, um dos exemplos de modelo de privatização."
Ricardo Alexandrino de Vasconcelos (Florianópolis, SC)

A fúria de Jabor
"Estou escrevendo à propósito do artigo de Arnaldo Jabor sobre o show do Tom Cavalcanti (Folha, 8/03), pois ele está genial na sua interpretação da metalinguagem humorística. Mas... acho também que Jabor está num desespero grande demais: prerrogativa de cafajestice, de mau-caratismo e de insensibilidade não é produto genuinamente nacional."
Ana Luiza Jardim Loureiro (Maceió, AL)

O cachê do maestro
"Fomos surpreendidos com a suspensão dos dois últimos concertos de orquestra do Teatro Municipal e ficamos chocados e indignados com a informação do cachê pago ao maestro Karabchevsky e para três pouco empregados solistas para sua atuação na apresentação da 9ª Sinfonia de Beethoven: US$ 284 mil! Cabe aqui uma reflexão: Enquanto se paga ao regente e aos três cantores provinciais cachês fantásticos com o dinheiro público, se joga aos músicos da orquestra um minguado de US$ 300 por mês..."
Maximilillian Bauer (São Paulo, SP)

Recado ao Parreira
"Alerta, ou o Brasil acaba com o Parreira ou o Parreira acaba com o Brasil."
Celso Correa de Freitas (São Paulo, SP)

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