São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Bancos aguardam as normas para usar URV

MARIO ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo já autorizou as empresas a emitir carnês, faturas e duplicatas em URV. Mas ainda não divulgou a regulamentação das operações do sistema financeiro com o novo indexador. Com isso, relações comerciais que dependem de produtos financeiros, como desconto de duplicatas ou financiamento ao consumidor, ainda não podem funcionar plenamente.
"O governo precisa criar o CDB indexado à URV para viabilizar o financiamento ao consumidor em URV", afirma Flavio Croppo, superintendente das empresas financeiras Fiat. Ele explica que as instituições financeiras precisam captar dinheiro para depois emprestá-lo com base no mesmo indexador, o que não é possível sem a regulamentação das operações financeiras em URV.
Croppo diz que o setor de crédito está com poucos negócios também por outro motivo. "Há um afastamento do investidor em CDB, que prefere ficar no curto prazo", afirma. Além disto, diz Croppo, ninguém quer tomar dinheiro indexado em TR ou IGP-M por causa do artigo 36 da MP que criou a URV.
O gerente de produtos e serviços do Citibank, Fernando Granziera, diz que, também pela falta da regulamentação da URV no sistema financeiro, os bancos não podem fazer descontos de duplicatas com o novo indexador. "Os bancos estão impedidos de lançar produtos ou fazer empréstimos em URV. O desconto de duplicatas só pode ser feito em cruzeiro real", afirma.
No desconto de duplicata, o banco compra da empresa o que ela tem a receber no futuro e cobra uma taxa para isto. Para fazer esta compra, o banco precisa captar recursos. Como a dívida que a empresa tem a receber está em URV, o banco não sabe qual taxa de juros deverá utilizar na operação.
"Para as empresas que dependem de recursos dos bancos a situação fica mais complicada", diz Sérgio Dias, superintendente de produtos e serviços do BancoCidade, referindo-se ao "descasamento" entre os indexadores da captação e de empréstimo de dinheiro. "Com dois indexadores, a empresa não tem como avaliar o seu custo financeiro para fazer o desconto de duplicata", diz.

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