São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Família Dart ainda é empecilho a acerto

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A família Dart continua uma pedra no sapato das negociações do Brasil para reescalonar suas dívidas com os bancos privados. Donos da Dart Container Corp, de Michigan (meio-oeste americano), eles adquiriram em 93 US$ 1,4 bilhão de títulos brasileiros, tornaram-se os maiores credores não-financeiros do país e se recusam a aceitar as propostas apresentadas pelo governo brasileiro.
Os Dart voltaram à tona agora, quando o acordo do Brasil com os bancos credores está prestes a ser concluído –sua data limite é 15 de abril. "O Brasil provavelmente fechará o acordo, mas há problemas a serem resolvidos, como a situação dos Dart", diz um banqueiro cujo banco tem assento no comitê dos credores.
Os Darts disseram que não farão parte do acordo a menos que o Brasil aceite todos os seus créditos no chamado bônus de capitalização, um dos seis oferecidos no pacote de reestruturação da dívida.
O governo brasileiro não aceitou o pedido dos Dart, sob o argumento de que oferecia aos credores um mix de opções em troca dos papéis velhos (Mydfa). Os banqueiros acreditam que Kenneth Dart tem alguma carta na manga para romper o impasse e apontam o fato de ele ter mudado de advogado e contratado Martin London, da Paul Weiss Rifkind Wharton and Garrison. London não quer comentar a posição da família. "Neste momento, seria imprudente da minha parte dizer qualquer coisa além de que eu represento os Darts", disse.
Os banqueiros acreditam que, como o acordo já está assinado e com adesão de 95% dos credores, é difícil que o Brasil jogue fora três anos de negociação apenas por causa de um único credor.
Eles dizem que o Brasil pode estar se preparando para um acordo com os Dart por temer processos judiciais e outras complicações. Mas deve tomar cuidado para não irritar os outros 700 credores caso queira dar algum tratamento preferencial aos Dart.

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