São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994 |
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Presos fazem cardeal refém no CE
PAULO MOTA
A rebelião, que até as 20h não havia acabado, começou durante uma visita pastoral que d. Aloísio faz anualmente ao presídio. O arcebispo estava acompanhado de representantes das comissões de direitos humanos da Assembléia Legislativa, Câmara de Vereadores e Ordem dos Advogados do Brasil. Ele averiguava denúncias de torturas e outras irregularidades. D. Aloísio chegou ao presídio às 9h. Às 10h40, iniciou uma palestra para 300 presos no auditório do presídio. Às 11h20, quando Brandão falava, os presos conhecidos como "Carioca", "Betinho" e "Serginho" subiram no palco armados de facas e dominaram d. Aloísio, Brandão e o padre Aldo Pagoto. A ação foi vaiada pela maioria dos presos. Um quarto preso, não-identificado, conseguiu dominar um dos cinco soldados que estavam no auditório, tomando-lhe um revólver e um rifle. Iniciou-se então um tiroteio, no qual morreram dois presos. Dois policiais e um detento ficaram feridos. Após o tiroteio, oito presos comandados por "Carioca" –integrante do Comando Vermelho, segundo a polícia–, levaram d. Aloísio e mais 11 reféns para uma sala ao lado do auditório. Às 12h30, o governador do Ceará, Ciro Gomes (PSDB), chegou ao presídio, passando a chefiar uma comissão entrou em negociação com os presos. Os oito presos exigiam um furgão, 12 metralhadoras e munição para poder escapar do presídio. As negociações prosseguiam até as 20h. A Comissão Pastoral Presidiária da Arquidiocese de Fortaleza divulgou em dezembro passado relatório onde afirma que os 640 presos do Instituto Penal Paulo Sarasate estavam submetidos a péssimas condições carcerárias. O relatório afirma que 30% dos detentos estão com penas vencidas. O presidente Itamar Franco determinou à Polícia Federal que designasse dois agentes, de Fortaleza, especializados em rebeliões com reféns. Próximo Texto: João Paulo liga e pede notícias Índice |
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