São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Congresso quer limitar expansão de serviço telefônico 900 nos EUA

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Congresso quer limitar expansão de serviço telefônico 900 nos EUA
Mesmo carregando uma péssima reputação, os serviços telefônicos com prefixo 900 estão se multiplicando cada vez mais nos Estados Unidos.
Um relatório apresentado no começo do ano por um Comitê de Procuradores do Estado dizia que "o serviço telefônico 900 tornou-se um dos mais significativos veículos de fraude contra o consumidor da história recente".
Ao discar os milhares de números com prefixo 900, os norte-americanos interessados em receber informações ou diversão por telefone estão pagando caro por um serviço muitas vezes enganoso. Do outro lado da linha, as gravações costumam segurar o consumidor o maior tempo possível para que ele pague pelo menos a taxa mínima. Assim, mesmo que a pessoa se dê conta de que não era exatamente aquela informação que esperava, já terá pago por ela.
Conversa com coelho
Isso sem falar na garotada que liga, sem o conhecimento dos pais, é claro, para conversar, por exemplo, com o coelho da Páscoa ao preço de US$ 3 pelo primeiro minuto e US$ 0,45 por cada minuto adicional. Ou os adolescentes que gastam fortunas em conversas pornográficas nas linhas 900-SEX.
O Congresso dos EUA, a FCC (Comissão Federal de Comunicações) e a Federal Trade Comission estão trabalhando juntos para encontrar formas de limitar a expansão dessa indústria que fatura cerca de US$ 1,4 bilhão ao ano.
Numa primeira medida, estabelecida em dezembro último, o governo determinou que os serviços de prefixo 900 estão obrigados a informar o preço ao consumidor logo no início da chamada e ele terá três segundos para desligar sem pagar nada. Mas será preciso uma verdadeira campanha de vacinação pública para acabar com o vírus 900. Os norte-americanos terão que aprender a controlar seus "impulsos" e passar a selecionar os serviços realmente úteis entre os mais de 10 mil números do gênero à disposição no país.
Serviços confiáveis
Na área de negócios, por exemplo, os serviços do "The Wall Street Journal", "USA Today" e da revista "Fortune" (InvestorLink) são extremamente confiáveis. Eles oferecem ininterruptamente as cotações da Bolsa, orientações sobre investimentos e empréstimos e até comentários pré-gravados de editores dessas publicações sobre assuntos do setor econômico e financeiro.
No "TeleLawyer", onde as longas consultas com advogados especializados certamente vão custar um pouco mais ao consumidor, recebe-se informações sobre Imposto de Renda, herança, contratos de trabalho e outras burocracias legais. Esses advogados "de telefone" não podem representar o cliente contactado via 900, mas indicam outros nomes se for necessário.
Localização de filmes
Existem ainda dezenas de números com o prefixo 900 que valem a pena, como os que localizam filmes raros nas videolocadoras da cidade, os que fornecem as listas de todos os concertos de música clássica que vão acontecer na próxima temporada, ou ainda os que oferecem críticas de cinema e teatro com horários e localização dos filmes e peças em cartaz.
O problema das boas linhas 900 é que depois de algum tempo você vira mulher de malandro: apanha todo mês (da conta telefônica), mas não consegue viver sem elas.

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