São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 1994
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Teens vão a loja de disco para ouvir música

MARCOS FILIPPI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quem nunca foi a uma loja de discos, olhou, revirou, pediu para ouvir, pechinchou e depois, na maior naturalidade, disse ao vendedor: "Não era bem isso que eu queria", e vai embora sem comprar nada. Na gíria dos lojistas, essas pessoas são os "caroços", porque tanto nas vendas como nas frutas, só atrapalham.
"Quando tem muito 'caroço' na loja dizemos que um caminhão de melancias tombou lá fora", brinca o vendedor da Hi Fi, Ricardo Gonçalves, 24.
Há também os que aproveitam só para conhecer os lançamentos. O casal de namorados Diogo Nader Palermo, 17, e Fernanda Helena Zindel, 19, fãs de Joe Satriani e heavy metal, vão às lojas só para conferir os novos discos de seus grupos favoritos. "A gente vem no shopping para ver os lançamentos e depois vamos comprá-los na galeria onde é mais barato e possui mais variedades", confessa Diogo.
As lojas também podem virar ponto de paquera. A estudante Karina Mata de Oliveira, 13, sempre aproveita para dar uma paquerada nos shoppings com suas amigas e escutar alguns discos de dance music. "Eu vim aqui mais para tomar um lanche e paquerar um pouquinho. Loja só para escutar música de graça. Comprar, quase nunca."
Segundo o vendedor da Hi Fi do shopping Ibirapuera, Georg Felix, 19, isso é comum acontecer e confessa que já saiu com algumas clientes. "Tem menina que vem aqui só para xavecar vendedores."
"Os 'caroços' geralmente têm 14 ou 15 anos, são de classe média e perguntam logo de cara o preço ou então dizem que vão dar uma olhadinha primeiro", diz o vendedor da Billbox, Fábio Vehara, 20. "Mas tratamos bem mesmo assim, porque um 'caroço' hoje, pode ser uma 'mala' (aquele que leva 'quilos' de CDs) amanhã"! finaliza.

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