São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994 |
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Investidores externos temem vitória do PT
GUSTAVO PATU
Um grupo de 60 empresários, que representam US$ 285 bilhões em negócios em todo o mundo, discutiu o assunto em encontro reservado com o assessor especial do Ministério da Fazenda, Edmar Bacha. O temor dos empresários: a possibilidade de Lula suspender o processo de privatização e os pagamentos da dívida externa. O encontro, a que alguns jornalistas tiveram acesso, tinha o objetivo de debater as perspectivas de investimento externo no Brasil a médio e longo prazos. Logo surgiram as primeiras perguntas sobre o candidato petista, acompanhadas de outras a respeito de uma possível candidatura do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Divisão do PT Falando em inglês e bastante à vontade, o habitualmente sizudo Bacha procurou tranquilizar os investidores estrangeiros. Ele disse que o candidato petista está dividido entre "dois fogos": de um lado está o grupo mais radical do PT, que é um defensor intransigente de reformas sociais; de outro, existe uma ala mais moderada, favorável a alianças com outros partidos políticos. Segundo o raciocínio de Bacha, o candidato do PT precisa agradar aos dois segmentos em suas declarações públicas. Por exemplo: Lula critica a privatização, segundo o economista, porque o PT tem grande influência na máquina burocrática do governo federal (a Central Única dos Trabalhadores controla muitos sindicatos de servidores públicos e de funcionários das estatais). Entre risos, Bacha disse ter amigos no PT que o cobram por sua participação na equipe econômica. Bacha disse que ainda não há decisão tomada sobre a candidatura do ministro Fernando Henrique Cardoso. Entretanto, ele garantiu a continuidade do programa econômico mesmo com uma eventual saída do ministro, e assegurou o apoio do presidente Itamar Franco ao plano FHC. "O plano econômico não se esgota nos próximos nove meses", disse Bacha, que procurou mostrar um cenário favorável aos investimentos estrangeiros daqui para a frente. Segundo participantes do encontro, a América Latina inteira responde por apenas 15% dos negócios totais do grupo, que está desde segunda-feira fazendo uma visita ao Brasil. Texto Anterior: Laudo derruba versão de Zezé sobre o crime Próximo Texto: 'Nada é unânime na 1ª versão' Índice |
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