São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
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Cólera mata 2 na Baixada Santista

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A Prefeitura de São Vicente confirmou ontem as primeiras duas mortes deste ano em São Paulo por cólera contraída no próprio Estado. Elas ocorreram nos dias 4 e 10 de março. As duas pessoas morreram com forte diarréia e dor nas pernas e não houve exame de laboratório. O Ministério da Saúde decidiu considerar os casos como cólera depois que análises do instituto Adolfo Lutz confirmaram outros três casos da doença, sendo dois na mesma família dos mortos.
"Eles morreram antes de análises laboratoriais. Porém, seu quadro clínico me leva a confirmar seus óbitos como sendo por meio do cólera", disse o secretário de Saúde de São Vicente, Arthur Chioro, 30. Os dois mortos são José Roberto Alves da Silva, 29, e Gilson Alves da Silva, 31. "No caso do Gilson faremos uma necrópsia para obter uma confirmação laboratorial", afirmou Chioro.
O secretário disse que os cinco doentes não saíram da cidade nos últimos seis meses. "Provavelmente, eles se contaminaram após comer peixe, pescado em rios próximos de suas moradias", afirmou. Os cinco doentes são moradores do bairro Sá Catarina, área de população pobre.
O resultado das análises confirmando os três casos da doença foi entregue ontem a Chioro. Ele disse que o vibrião encontrado nas amostras é o mesmo detectado em Pernambuco, do tipo "El Thor Ogawa". O tipo "Ogawa" é mais resistente que o "Inaba", responsável pelos primeiros casos registrados na cidade, em 1993.
A Prefeitura de São Vicente não quis divulgar o nome dos outros três contaminados. Todos são homens, dois deles com 16 anos e um com 35 anos. Segundo o prefeito Luiz Carlos Luca Pedro (PT), 39, a área onde moram as vítimas recebeu cloração nos córregos e foi feita a distribuição de hipoclorito de sódio.
Com os cinco casos confirmados ontem, sobe para oito o número de infectados pelo vibrião do cólera em São Vicente. A cidade é a única na Baixada Santista com casos confirmados da doença.
A Prefeitura de Santos (SP) decretou às 18h de ontem alerta máximo no cinturão sanitário da cidade, que é composto por 19 caixas cloradas. Este sistema passaria a adicionar ininterruptamente 25 mg de cloro por litro de água, volume considerado suficiente para eliminação de bactérias. Em Santos, 75% das moradias possuem saneamento básico.

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