São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
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Brasil ajuda países a fazer cocaína, diz ONU

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que o Brasil produza, ou pelo menos transporte, entre 70% e 80% das substâncias químicas utilizadas para a fabricação da cocaína no Peru e na Bolívia. A estimativa foi feita ontem pelo secretário da Junta Internacional de Estupefacientes da ONU, Herbert Schaepe.
Ele cobrou do ministro da Justiça, Maurício Corrêa, informações sobre o cumprimento de três acordos de fiscalização da produção e consumo de drogas.
A eventual confirmação sobre o descumprimento dos acordos internacionais vai criar dificuldades para a obtenção de recursos destinados ao combate ao narcotráfico. Segundo Schaepe, a opinião da junta da ONU é importante para a liberação de verbas.
A Junta tem sede em Viena, na Áustria, e é composta por 13 membros, que avaliarão as informações do governo brasileiro.
Além de o Brasil ser rota do tráfico de substâncias da cocaína, também preocupa a ONU o consumo no país de 80% da produção mundial de Fenproporex, substância básica de inibidores de apetite, que causa dependência física e psiquíca.
O Fenproporex, um anorexígeno tipo anfetamina, vem sendo utilizado no país principalmente por farmácias de manipulação, que aviam receitas fornecidas pelos chamados "obesólogos", médicos procurados por pessoas que querem emagrecer.
Além da dependência, o Fenproporex provoca irritabilidade, depressão e aumento dos batimentos cardíacos. Os riscos do remédio aumentam quando ele é usado em conjunto com calmantes.
Segundo a ONU, o governo brasileiro não está informando a Junta Internacional sobre o controle adotado nos dois casos.
O ministro Maurício Corrêa disse que enviará, nos próximos dias, os dados solicitados pela ONU. Ele justificou que o Ministério da Saúde desativou, durante o governo de Fernando Collor, o controle sobre consumo de drogas lícitas, como inibidores de apetite. Segundo o ministro, o governo quer cumprir todos os acordos.

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