São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 1994
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Egito condena à morte 9 fundamentalistas

HUMBERTO SACCOMANDI
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

O Egito condenou ontem à morte por enforcamento nove militantes fundamentalistas islâmicos. Eles foram acusados por um fracassado atentado contra o primeiro-ministro, no ano passado. Uma estudante morreu na explosão. Ainda ontem, dois soldados foram executados depois de condenados por um complô para assassinar o presidente Hosni Mubarak.
Esta foi a maior sentença coletiva contra os fundamentalistas no país. Há dois anos os extremistas iniciaram uma ofensiva para derrubar o governo egípcio e estabelecer uma república islâmica. Somente no ano passado ocorreram três atentados contra ministros. O Egito é um dos países mais próximos ao Ocidente no Oriente Médio.
O julgamento durou sete semanas. Seis dos quinze acusados foram condenados a penas menores por cumplicidade no atentado. O ataque ocorreu em 25 de novembro. Uma bomba explodiu próxima ao carro no qual viajava o premiê Atef Sedek. A explosão atingiu uma escola e matou uma menina.
O anúncio do veredicto e da sentença foi cercado por medidas excepcionais de segurança. O tribunal militar foi transferido para um local secreto, divulgado pouco antes do final do julgamento. As autoridades temiam uma ação espetacular dos fundamentalistas.
Os condenados, membros do grupo extremista Jihad, entoavam slogans contra o governo e ameaçavam as autoridades: "Digam a Mubarak que a hora dele está chegando." A Jihad assumiu a autoria da explosão e reafirmou que continuará com os atentados.
A defesa citou os ataques aos muçulmanos na Bósnia e a ocupação israelense dos territórios palestinos como motivos para a agitação das organizações islâmicas no mundo árabe. A crise econômica e a corrupção nesses países seriam outros estímulos.
A Jihad foi responsável pelo assassinato, em 1981, do presidente egípcio Anuar Sadat. Enquanto outras organizações atacam forças de segurança, a Jihad mira somente altos funcionários do governo e militares. O grupo está baseado no Iêmen e conta com o apoio do Irã.
O Egito condenou 49 militantes fundamentalistas à morte desde o início da ofensiva; 32 já foram executados. A Argélia, outro país afetado pela violência islâmica, tem executado sistematicamente os extremistas que captura, mas sem conseguir deter suas ações.

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