São Paulo, sábado, 19 de março de 1994 |
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Comitê de bancos apóia acordo com Brasil
FERNANDO CANZIAN; FERNANDA GODOY
O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, capitalizou com discurso de candidato a presidente, em Nova York, a proximidade do fechamento do acordo. Pelo menos dois terços dos bancos credores privados (de um total de 440) devem dar uma resposta positiva para o "waiver" do Comitê Assessor até a próxima quinta-feira, dia 24. Caso isso não ocorra, o Brasil precisará do aval do FMI para concluir o acordo. O comunicado do Comitê recomenda a adesão dos bancos credores. O ministro, em entrevista na tarde de ontem no Hotel Intercontinental, onde está hospedado, afirmou não ter dúvidas de que os bancos credores aceitarão a sugestão do Comitê Assessor. Na quarta-feira o FMI negou o seu aval para o fechamento do acordo, obrigando o Brasil a apresentar sozinho, sem dinheiro de organismos financeiros internacionais, as garantias exigidas pelos bancos credores. No próximo dia 15 de abril o país deverá provar aos bancos credores que possui US$ 2,8 bilhões em cupons-zero (títulos do Tesouro americano, com prazo de 30 anos e juros zero) para garantir o acordo. "O Brasil é um país prudente e terá como apresentar essas garantias", disse FHC, sem especificar se o país já adquiriu o montante total dos cupons no mercado secundário. O Brasil poderia ter comprado os papéis, a um preço menor, do próprio Tesouro norte-americano se tivesse obtido o "stand-by" do FMI. Segundo FHC, os títulos estarão depositados no BIS (Bank of Internacional Settlments, o Banco de Compensações Internacionais), na Basiléia, Suíça, na data do fechamento do acordo. Fontes do mercado financeiro, entretanto, atestam que o Brasil já teria comprado esses títulos. Segundo o ministro, a transação final do acordo da dívida foi "uma operação muito bem-feita, bonita". Mas não quis dizer quando nem como o Brasil comprou os cupons-zero que serão utilizados como garantia para troca dos títulos da dívida brasileira. FHC disse que o fechamento do acordo prova que o Brasil é um país "solvente, torna mais plausível o crescimento econômico, diminui o risco Brasil e os juros internacionais para o país". FHC disse que "o fim" do problema da dívida torna mais viável o crescimento do país, e "torna mais forte qualquer candidatura que tenha um programa econômico do tipo que nós propusemos". Segundo ele, o Brasil virou uma página de sua história. "Fico particularmente satisfeito porque acompanho esse processo há 11 anos, desde os meus tempos de senador", disse o ministro. O fechamento do acordo, disse, vai facilitar a entrada de financiamento externo na economia brasileira. "O risco Brasil vai ter que cair, o 'spread' (diferença cobrada a mais nas taxas de juros) vai ter que cair", disse. Texto Anterior: Garcia faz campanha para ser vice de FHC Próximo Texto: Leia a nota dos credores Índice |
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