São Paulo, sábado, 19 de março de 1994
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Inflação dá um salto em março

DA SUCURSAL DO RIO

A disparada dos preços antes do anúncio da implantação da URV começou a aparecer fortemente nos índices de inflação. Com a nova rodada de indicadores divulgados ontem pelo IBGE e pela Fundação Getúlio Vargas, a URV passou a galopar mais rápido e projetar 42,24% de inflação para o mês de março. Até quinta-feira, ela apontava variação de 40,9%.
O reconhecimento de que os preços se aceleraram obrigou o Banco Central a uma correção de rota no mercado financeiro. O BC puxou ontem os juros de 50,8% para 51,6% e para 54% para segunda-feira, nos negócios diários com títulos públicos junto aos bancos (over). Com esta atitude, atropelou as Bolsas, que fecharam em queda –4,4% a de São Paulo, 4,7% a do Rio.
Em São Paulo, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) restrito, calculado pelo IBGE para quem ganha até oito salários mínimos, bateu nos 45,08% –uma alta de 2,45 pontos percentuais em apenas uma semana. O mesmo indicador, para a cidade do Rio de Janeiro, variou 43,68%, com aceleração de 2,07 pontos percentuais.
A segunda prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) de março, divulgada ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), mostrou uma inflação de 33,47% em 18 dias (de 21 de fevereiro a 10 de março). Em relação à segunda prévia de fevereiro, houve uma aceleração de 2,99 pontos.
Com base nesta prévia, a Bolsa de Mercadorias & Futuros projetou um fechamento do IGP-M para março de 43,71%. Como a previsão para o acumulado dos juros no mês é de 46,96, os juros reais (descontada a inflação) estariam em 2,26% ao mês, ou 30,76% ao ano.
A alta foi generalizada entre os três índices de preços que compõem o IGP-M. O IPA (Índice de Preços por Atacado) passou de 27,25% na segunda prévia de fevereiro para 31,24% na segunda de março –mais 3,99 pontos percentuais. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) passou de 35,86% para 37,35%, alta de 1,49 ponto. E o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), passou de 32,78% para 34,47%, com mais 1,69 ponto. Os materiais de construção tiveram uma varação de 37,82% na segunda prévia de fevereiro, emquanto a mão-de-obra da construção civil variou 30,92%.
Entre os preços ao consumidor, a maior alta ficou com o grupo transportes, com 44,43%, e a menor (28,61%) com o grupo vestuário. Os alimentos aumentaram 39,16%, com uma aceleração de 6,94 pontos percentuais. No atacado, os bens de consumo tiveram uma alta de 37,03%, contra 32,62% na segunda prévia.
A cesta de consumo de famílias que ganham até oito salários mínimos nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo, medida pelo IBGE no período de 12 de fevereiro a 15 de março, chegou a 44,66% para famílias que ganham até oito salários mínimos (IPC restrito) e a 43,79% no índice mais amplo, que leva em conta bens consumidos por famílias que recebem até 40 mínimos. Na média das duas cidades, a aceleração do IPC restrito foi de 2,33 pontos sobre as quatro semanas fechadas em 8 de março.

LEIA MAISsobre a alta dos juros na pág. 2-4

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