São Paulo, terça-feira, 22 de março de 1994 |
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Professores não sabem falar de masturbação, diz Yarber
DA REPORTAGEM LOCAL O norte-americano William Yarber, 50, que acompanhou as discussões para elaboração da versão brasileira do "Guia de Orientação Sexual", está em São Paulo para o lançamento da obra. Abaixo, trechos da entrevista à Folha:* Folha - O sr. acha que o guia norte-americano, ao preconizar a abstinência sexual como forma de evitar a Aids, tem alguma influência nessa onda atual de grupos defensores da virgindade que se propagam nos EUA? Yarber - Acho que os grupos defensores da virgindade até o casamento são basicamente influenciados pela religião dos seus participantes. O guia apenas reforça alguns dos aspectos positivos da abstinência sexual, como a prevenção de algumas doenças e a prevenção da gravidez. Folha - Qual será, na sua opinião, a repercussão do guia no Brasil, um país muito mais conservador que os EUA? Yarber - Não concordo que o Brasil seja mais conservador que os EUA em sexualidade. Folha - Dezessete Estados norte-americanos exigem que as escolas ofereçam educação sexual e 34 Estados exigem educação sobre Aids. No Brasil não há nada similar. Yarber - Mas a maioria das escolas apenas ensina aspectos biológicos relacionados à reprodução. Nada que se assemelhe às recomendações desse guia. Esse guia é um desafio às pessoas que estudem e reflitam sobre o que deveriam ensinar nas escolas. Folha - O sr. não teme que este guia possa parecer escrito em grego para a maioria dos professores? Yarber - Talvez esse guia seja liberal demais. Mas, para o progresso, nós precisamos de textos como esse, para mostrar qual a forma ideal de ensinar. Nos EUA, há muitos professores, a maioria talvez, que não são capazes de falar a palavra "masturbação" para seus alunos. Texto Anterior: Brasil edita guia sexual mais ousado que os EUA Próximo Texto: Protesto de estudantes interrompe o trânsito Índice |
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