São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994
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Ministro do Exército busca conciliação

JOSIAS DE SOUZA; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Exército, Zenildo de Lucena, desencadeou ontem um movimento para tentar contornar a crise salarial que opõe o governo ao Congresso e ao STF (Supremo Tribunal Federal). Depois de uma semana no ataque, os militares começam a se recolher. "É hora de tranquilizar o ambiente", diz o general Lucena, em seus diálogos reservados.
Lucena desaconselhou a convocação do Conselho de Defesa Nacional, idéia que nasceu no Palácio do Planalto. Na sua área específica, decidiu fechar a boca. Aconselhou seus colegas fardados de ministério a fazerem o mesmo. O ministro do Exército argumenta que o presidente Itamar Franco já assumiu a posição defendida pelos militares. Seria até "descortez", na sua opinião, que continuassem falando no mesmo diapasão.
Entre os ministros militares, os mais exaltados são os da Marinha, Ivan Serpa, e o chefe do EMFA, Arnaldo Leite Pereira. Suas declarações foram as que mais irritaram os juízes do STF (Supremo Tribunal Federal). Ontem, porém, mesmo os dois achavam que se deveria encontrar uma solução negociada para o impasse salarial.
Embora tenham adotado um comportamento conciliatório, os militares acham que a solução da crise jamais poderia passar por um recuo de Itamar. Na opinião de todos eles, o entendimento deve preservar como data para a conversão dos salários dos servidores públicos à URV o dia 30 de março, e não o dia 20, adotado pelo Legislativo e pelo STF.
A convocação do Conselho de Defesa Nacional foi examinada por Itamar como uma alternativa para o caso de agravamento da crise. O conselho é composto pelo presidente da República, ministros militares, da Justiça, Relações Exteriores e Planejamento, além dos presidentes da Câmara e Senado. Tem a competência constitucional de "éstudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático"(artigo 91 da Constituição).

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