São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Abbey Lincoln canta no Brasil no final do ano
ANDRÉ LAHÓZ MENDONÇA DE BARROS
* Folha - Nós, brasileiros, não conhecemos seu último disco. Abbey - É um duo com Hank Jones. Normalmente eu não canto músicas de amor, então esse disco é só sobre isso. Folha - Mas os jovens continuam gostando do jazz tradicional, que você ainda faz? Abbey - Alguns deles são grandes músicos. São eles que mantém a música, pois o jazz é uma música de homens. Não ouço muito cantoras jovens. Acho que a forma é difícil para elas entenderem, e muitas se perdem por dinheiro. Mas já está gravado, Duke Ellington, Louis Armstrong, Sarah Vaughan e Billie Holiday fizeram essa música, e é para sempre. As jovens que façam o que queiram. Folha - Falando sobre Billie Holiday, o que acha das comparações feitas entre vocês? Abbey - Sou sua seguidora, assim como ela também foi de Bessie Smith. Billie escrevia suas músicas quando as pessoas estavam sendo linchadas no sul dos EUA. E Bessie Smith também era assim, ela cantava "Black Mountain Blues" há 60 anos atrás. Para mim isso é música. Louis Armstrong, Thelonius Monk, Duke Ellington, se referindo ao fim da escravidão, Coltrane, com "Africa". Portanto, a música sempre teve um papel social. Folha - E cinema? Pretende voltar a participar de filmes? Abbey - Já participei de alguns filmes, mas nunca me vi como uma atriz. Incidentalmente me envolvi com "Mais e Melhores Blues". Fico feliz de ter sido lembrada por Spike (Lee, diretor do filme), mas talvez ele pudesse ter feito melhor uso de meus talentos. Folha - O que está preparando para o concerto de comemoração dos 50 anos da Verve? Abbey - Cantarei uma música em homenagem a Billie Holiday. Vamos lembrar as grandes cantoras que vieram antes de nós. Será no Carnegie Hall, no dia seis de abril. Muitos artistas estarão, lá como Hank Jones... Folha - Tom Jobim... Abbey - É mesmo? Ótimo! Eu adoraria cantar com ele. Estive uma vez no Brasil, há muito tempo, no Copacabana Palace, era um show à meia-noite, mas não era o meu ambiente, era muito jovem e estava sozinha. Agora devo voltar esse ano para fazer dois shows. Dessa vez quero levar a minha banda e realmente ter a oportunidade de ver o Rio e SP. Texto Anterior: FHC precisa de ajuda na hora das compras Próximo Texto: Yo-Ho-Delic mostra clipe Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |