São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994
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Congresso tenta um acordo

GUTEMBERG DE SOUZA; TALES FARIA; FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes dos partidos na Câmara decidiram intervir na briga entre o presidente Itamar Franco e o Supremo Tribunal Federal. Em reunião na tarde de ontem eles fecharam um acordo para tentar pôr fim à crise.
Foi decidido aprovar um projeto de lei fixando o dia 30 de cada mês como base obrigatória para o cálculo da conversão salarial do funcionalismo nos três Poderes. O acordo foi negociado com apoio dos articuladores políticos do governo, mas até as 19h Itamar ainda não havia aceitado a proposta.
O objetivo do projeto –que tentariam aprovar ainda na noite de ontem– é afastar a possibilidade de interpretações divergentes daquela que o governo vem defendendo para a medida provisória 434, que criou a URV.
Com isso o STF tem o argumento jurídico para se enquadrar nas regras do governo sem passar pela desmoralização de um recuo.
Mas o projeto também se volta contra o Executivo, quando determina que os recursos destinados ao custeio do Judiciário e do Legislativo têm que ser entregues pelas autoridades competentes do governo, "sob pena de caracterização de crime de responsabilidade".
O acordo deixa sem solução o impasse criado em torno dos salários de março. O STF e o Congresso fizeram a conversão de seus salários em URV com base no dia 20, o que resultou num valor mais alto, mas a diferença foi bloqueada no Banco do Brasil por ordem do governo. A expectativa dos líderes governistas é que, com base no projeto de lei, o STF reveja sua decisão administrativa que fixou como base o dia 20.
PT e PDT defenderam a aprovação de um decreto legislativo que obrigasse o BB a cumprir a decisão do STF em relação ao salário deste mês, mas até o início da noite essa alternativa era negociada.
O receio, no PT e no PDT, é que o STF venha a dar alguma decisão mandando desbloquear a diferença salarial de março. Se o governo insistir em não acatar a interpretação dos ministros do STF e se recusar a pagar a diferença, a crise pode se tornar irreversível. (Gutemberg de Souza, Tales Faria e Fernando Godinho)

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