São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 1994 |
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Itamar faz dura crítica a FHC
EDIANA BALLERONI
Itamar deixou bem claro que a sua intransigência em relação à crise política era consequência do aval que deu ao plano de estabilização da economia. E disse ao ministro que ele não estava autorizado a negociar com os demais Poderes –como FHC havia feito naquele dia. Fernando Henrique Cardoso participou de duas reuniões com Itamar na quarta-feira à noite. Na primeira, estavam presentes lideranças políticas. No segundo encontro, sem a participação dos políticos, o presidente criticou FHC. O ministro deixou a reunião cabisbaixo e visivelmente desanimado. Itamar Franco começou a conversa com FHC lembrando ao ministro que lhe deu carta branca para fazer o seu plano. Para isso, acrescentou o presidente, ele teve de abrir mão de posições políticas históricas, que defendeu durante toda a sua vida como parlamentar. RendaCitou o caso das privatizações (Itamar sempre foi contra), a sua defesa de uma melhor distribuição de renda (o plano não cuida disto), a sua posição contra arrochos salariais (o presidente acreditava que o plano econômico não traria perdas) e contra cortes nos financiamentos para as áreas sociais (que o Fundo Social de Emergência acabou fazendo, especialmente em relação à Educação). Itamar acrescentou que FHC o convenceu de que quase todos esses pontos eram necessários para o sucesso do plano. E, ainda, que precisava da conversão dos salários do funcionalismo pela URV (Unidade Real de Valor) do dia 30, como estabelece a medida provisória 434. O ministro teria agora de ser coerente, e não sair negociando "soluções" para a crise sem consultar o presidente. FHC garantiu que não haveria perdas. Agora, com a reclamação do Judiciário e do Legislativo, Itamar descobriu que, dependendo das datas de conversão, isso pode acontecer. Os militares, convencidos de que não havia perdas, chegaram a distribuir pelos quartéis um informe dizendo que o próprio ministro da Fazenda garantia isso. Na reunião com Itamar, Fernando Henrique falou pouco. Acabou aceitando as críticas de Itamar. No Planalto, a insatisfação é grande com a ausência de resultados práticos do plano econômico. Insatisfação agravada em decorrência da constatação de que há falhas jurídicas. A questão da perda salarial para o Legislativo e para o Judiciário seria apenas uma delas. O presidente disse ainda que, politicamente, ele não poderia ceder a uma decisão administrativa do STF (o Supremo Tribunal Federal, que considerou a conversão dos salários pela URV do dia 30 inconstitucional). Contudo, se essa decisão for dada judicialmente, Itamar deixou claro que irá acatá-la. O problema passará, então, a ser da equipe. Texto Anterior: "Mas Hargreaves, com um simples ato da Mesa (diretora da Câmara) eu poderia ter revisto esse reajuste" Próximo Texto: Quércia elege FHC como principal alvo Índice |
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