São Paulo, sábado, 26 de março de 1994
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O QUE PENSAM OS "DONOS" DAS BRIGAS

Luis Inácio Lula da Silva
O presidente do PT, Luis Inácio Lula da Silva, diz que seu partido não participa do "jogo sujo tão comum nos períodos eleitorais, com acusações de caráter pessoal que em nada ajudam a tirar o país da crise". Segundo ele, que vai concorrer novamente à Presidência, é melhor "aproveitar o tempo para discutir grandes temas nacionais".
Lula diz que mesmo quando é atacado "por baixarias dos adversários, como aconteceu em 1989", ele procura "não responder na mesma moeda". "Não aceitamos esta história de que os fins justificam os meios no vale-tudo das eleições".

Orestes Quércia
O ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia (PMDB), diz que na "briga política, infelizmente, as pessoas baixam o nível da campanha tentando atingir o adversário com acusações não verdadeiras, para atingir seus objetivos". Segundo ele, "é uma guerra em que tudo vale".
Quércia quer disputar a Presidência e se diz preocupado com os filhos: "As campanhas são assim, há acusações, é uma realidade que infelizmente existe. O ideal seria que elas fossem num nível elevado". Para ele, as crianças estão mais expostas a isso, porque "vêem na TV, no horário nobre".

Antônio Carlos Magalhães
Para o governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães (PFL), no Brasil "infelizmente se parte para o plano pessoal no debate político, de maneira pouco responsável e deseducativa".
Muito conhecido pelas iniciais do seu nome –ACM–, esse político baiano é considerado um inimigo perigoso de se ter, por sua língua "afiada".
"Se nos aprimorássemos na linguagem e no tipo de acusação, seria uma colaboração para o bom gosto e para a educação política", diz Magalhães, que gosta de receber no palácio do governo o seu neto Luiz Eduardo, de 11 anos.

Antonio Britto
O ex-ministro da Previdência, Antonio Britto (PMDB-RS), acha "um grande equívoco (erro) a idéia de que ser firme, duro, no debate político exige uma dose de baixaria".
Para Britto, que é deputado federal e candidato do PMDB ao governo gaúcho, "isso não se confunde com firmeza. É possível fazer o debate mais radical num nível elevado".
Britto foi porta-voz (falava as mensagens do presidente) de Tancredo Neves, presidente eleito em 1984 e que morreu no Incor (Instituto do Coração) em São Paulo antes de tomar posse. O ex-ministro tem um filho de 18 anos.

Ciro Gomes
O governador do Ceará, Ciro Gomes (PSDB), acha que a política "é para ser feita com objetivos nobres, altos", e "nem todos os políticos se portam assim".
Para ele, "alguém tem que ter a coragem de denunciar os maus políticos".
Ciro Gomes não vê só aspectos negativos (coisas ruins) no fato de as crianças assistirem nos noticiário as trocas de acusações entre políticos: "A criança deve aprender logo que todos os setores têm os bons e os maus. A política é boa e nobre. Por isso, os bons devem ter a coragem de denunciar os maus políticos".

Paulo Maluf
Para o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR), "numa democracia, o respeito mútuo na campanha eleitoral deve ser o primeiro sinal de respeito ao povo".
Ele conta que na sua última campanha vivia dizendo: "posso perder a eleição, mas nunca vou perder a educação". Maluf diz que sofreu ataques pessoais e contra pessoas de sua família, "mas não baixei o nível fazendo a mesma coisa". Segundo o prefeito, sua campanha "foi baseada em propostas para a cidade": "Não acho que sou o "bom" e meus adversários todos "maus". Somos brasileiros que pensamos diferente".

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