São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Ordem é 'criatividade de resultados'

ANA ASTIZ; DENISE CHRISPIM MARIN
EDITORA DE EMPREGOS

DENISE CHRISPIM MARIN
O aprendizado permanente começa a ser visto como uma questão de sobrevivência nas empresas. Quem não estiver disposto a desvendar e incorporar idéias cotidianamente, terá cada vez menos espaço nos novos modelos de organização que começam a ser praticados no mundo.
Criatividade é a palavra-chave na nova ordem empresarial. Tanto que 83 empresas no Brasil já se expuseram às técnicas difundidas pelo Instituto Latino-Americano de Criatividade e Estratégia - Ilace (leia texto abaixo). Nos Estados Unidos, o número de organizações que priorizam a criatividade nos processos produtivos e decisórios é ainda maior. A 3M, por exemplo, criou um sistema de remuneração para seus executivos ligado à criação de novos produtos. A Chrysler tem hoje uma estrutura organizacional apoiada em unidades de produção que reduziu o tempo de lançamento de um novo carro de quatro anos para 18 meses.
"A mudança tem que ser aceita como um processo permanente. Não existem mais períodos de estabilidade", afirma Moisés Sznifer, 51, consultor em desenvolvimento empresarial e professor da Fundação Getúlio Vargas. "Os executivos têm que estar preparados para agir como estrategistas, tolerando a ambiguidade, tomando decisões em ambientes paradoxais e assumindo riscos."
Mas a demanda por criatividade não está mais restrita aos níveis executivos. Ela ocorre desde o chão da fábrica até às salas acarpetadas. "Passamos maior responsabilidade e autoridade sobre as máquinas para os operários", exemplifica Robert Mangels, 42, presidente da Mangels. "Eles se sentem valorizados e recebemos avalanches de idéias que estão aumentando nossa produtividade."
Estimular a criatividade não se resume mais à caixa de sugestões nos corredores. "O operário não pode participar da empresa apenas como alguém que contribui com idéias em troca de prêmios", diz Vicente Paulo da Silva, 37, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD paulista. "Ele deve ter voz para discutir a qualidade de vida, reclamar da máquina, do salário, da chefia."

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