São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Comprar obra parada é bom negócio

PABLO PEREIRA
DA REDAÇÃO

Comprar obras paradas, reformá-las e transformar um prédio-esqueleto em um elegante condomínio. Essa foi a forma encontrada por construtoras em São Paulo, que investiram na recuperação de edifícios condenados à desvalorização por causa da paralisação das obras.
É o caso do condomínio Ilhas Gregas, na esquina das ruas Mário Ferraz com Artur Ramos, comprado pela Erevam Engenharia e recuperado depois de 16 anos de interrupção nas obras. O exemplo foi seguido por outra empresa, a Samir Dichy, que fez a mesma coisa com um empreendimento na av. Leonardo da Vinci, no Jabaquara.
O Ilhas Gregas foi personagem de uma complicada negociação com o Banco Central e o antigo empreendedor, a imobiliária Nova York. Metade dos 210 apartamentos do conjunto tinha sido vendida quando a Erevan entrou no negócio. Apenas 12 deles foram pagos à imobiliária Nova York, que repactuou novos preços com a construtora. "O motivo principal para o empreendimento da Erevan foi a localização dos edifícios. A região facilitou as negociações entre a empresa e o banco e garantiu a boa relação entre os antigos compradores e a construtora", diz Lino Cotelo, diretor da Erevan.
"Há dois tipos de imóveis que podem ser enquadrados nesses casos", afirma Fábio Rossi, diretor da imobiliária Itaplan, empresa encarregada das vendas do empreendimento da Samir Dichy. Para ele, os prédios que estão abandonados, ocupados e virando cortiços, podem desvalorizar uma área. "Mas há aqueles casos nos quais a obra está parada, mas o prédio é conservado', diz. Nesse caso, para Rossi, é comum acontecer de algum construtor comprar o prédio e recolocá-lo no mercado.
Angélica
Outro exemplo de prédio com obras interrompidas é o edifício da av. Angélica, 341. Paralisado desde a metade dos anos 60, depende da volta do proprietário, Leon Chodik, que mora no exterior, para o reinício das obras ou a venda do imóvel. Com l.800 m2 de terreno, tem 15 mil m2 em área construída. Segundo a construtora Jaceguava, que faz a manutenção, o prédio de 15 andares ganhou reforço na estrutura e obteve a aprovação na alteração da sua planta em 1988. "Mas a construção só será retomada com a volta do proprietário", diz Elísio Vicente Júlio, diretor da Jaceguava.
Alameda Jaú
Parado há quase 30 anos, entre as ruas Ministro Rocha Azevedo e Peixoto Gomide, na alameda Jaú, 1303, outro prédio inacabado, com 16 andares, funciona hoje como estacionamento. Segundo um dos proprietários, Cláudio Schechner, a obra parou também na década de 60. "A construtora faliu e a troca do terreno por quatro unidades do edifício foi parar na Justiça, que deu ganho de causa à família em 1987. A retomada das obras aguarda reaprovação da planta na prefeitura", diz.(Pablo Pereira)

Colaborou MARCOS CESANA, free-lance para a Folha.

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