São Paulo, domingo, 27 de março de 1994
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Hora de sair

A semana que ora se inicia, ainda marcada pela crise dos Poderes, trará uma série de importantes definições políticas. É que as autoridades que ocupam postos no Executivo e pretendem candidatar-se a algum cargo eletivo têm até o próximo sábado para deixar seus postos.
Destacam-se nessa categoria, pela ordem nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, e o governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, muito embora este último dificilmente saia candidato à Presidência.
A crise entre os Poderes da República complica a situação de Fernando Henrique Cardoso. De um lado, há a sensação de que ela o empurra definitivamente para a candidatura. De outro, porém, o ministro certamente não sai fortalecido do episódio em que aparentemente foi desautorizado pelo presidente da República, que chegou mesmo a vetar acordo negociado pelo titular da Fazenda.
O grau de apoio do presidente à candidatura de Fernando Henrique passa, portanto, a ser mais uma incógnita da equação eleitoral. Ainda é cedo para avaliar corretamente se o atrito entre Itamar Franco e FHC se deve apenas à obstinação do presidente ou se o apoio à candidatura não é prioridade do Planalto.
O estado da relação entre Itamar Franco e Fernando Henrique deverá ficar mais claro após a nomeação do sucessor do ministro. Se o indicado for um nome ligado ao de FHC, então o mais provável é que o atrito não tenha passado de um ímpeto momentâneo do presidente. Por outro lado, se a indicação for feita por Itamar Franco, sem a participação de FHC, configura-se o cenário do não-apoio.
De qualquer forma, o episódio deve estimular os adversários de Fernando Henrique a também se desincompatibilizarem. Afinal, o quadro eleitoral continua o mesmo. O candidato que chegar com Luiz Inácio Lula da Silva ao segundo turno tem chances de tornar-se o próximo presidente do Brasil.

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