São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 1994
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Não fugirás

Na turbulenta semana que passou, a crise entre os Três Poderes dominou as atenções da opinião pública. Em meio a problemas e incertezas tão frequentes, algumas boas notícias poderiam injustamente passar despercebidas.
É o caso da aprovação pela Câmara de projeto do deputado José Dirceu (PT-SP) que impede que os parlamentares acusados de improbidade escapem do julgamento pelo Poder Legislativo –e assim da pena de inelegibilidade– ao abdicarem de seus mandatos.
Em um país onde grassa a impunidade, não se pode deixar de reconhecer o mérito das iniciativas que venham a coibi-la. A perigosa sensação de que os crimes contra o patrimônio público são crimes sem consequências ameaça corroer o tecido social. Sobretudo em um momento no qual a situação econômica exige sacrifícios, assumem grande importância as atitudes que contribuam para restaurar a confiança da população na Justiça.
Nesse sentido, a esperada punição dos parlamentares envolvidos no escândalo do Orçamento só fará bem ao país. Quatro deputados –Genebaldo Correia (PMDB-BA), João Alves (sem partido-BA), Cid Carvalho (PMDB- MA) e Manoel Moreira (PMDB-SP)– já utilizaram a renúncia como expediente para evitar a cassação e a consequente inelegibilidade. Mesmo esses, no entanto, ainda deverão ser processados pela Justiça comum.
Os outros congressistas envolvidos (um senador e mais 13 deputados), porém, terão agora de defender-se no Parlamento. E, caso sejam considerados culpados, terão seus mandatos cassados e não poderão candidatar-se a qualquer cargo eletivo nos próximos três anos.
Depois do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, nada mais saudável e necessário do que prosseguir no processo de depuração das instituições públicas. Afinal, delas depende o Estado democrático e não se pode permitir que o crime de alguns poucos venha a desmoralizá-las.

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