São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994
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Ciência calibra arma secreta contra inseto

MARCELO LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O único meio disponível para combater gafanhotos são pesticidas químicos -por enquanto. Dentro de poucos anos eles poderão ser substituídos por uma arma secreta da própria natureza, os fungos do gênero Metarhizium.
Cientistas brasileiros e britânicos estão tentando criar um inseticida biológico a partir desse tipo de bolor que só ataca insetos. O Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), um órgão da Embrapa, pesquisa o Metarhizium anisopleae.
O M. anisopleae é usado com sucesso no combate à cigarrinha da cana-de-açúcar, no Nordeste. O Cenargen quer identificar as linhagens mais agressivas ao gafanhoto e acondicioná-lo em um líquido para ser borrifado sobre os insetos.
Testes de campo já estão sendo feitos pelo Instituto Internacional de Controle Biológico, do Reino Unido, em plantações africanas. Os britânicos usam o M. flavoviride, parente do fungo do Cenargen.
Segundo a revista "New Scientist" do último dia 12, o fungo gruda na cutícula (casca) do gafanhoto, faz um buraco e chega ao "sangue". Espalha-se por todo o corpo do inseto e o mata bloqueando seu sistema circulatório. Isto é, acaba entupindo o bicho.
A pesquisa brasileira é financiada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Segundo José Manuel Cabral de Sousa Dias, chefe do setor de controle biológico do Cenargen, serão necessários ainda dois ou três anos para verificar se o fungo é eficaz e outro tanto para chegar a uma boa fórmula.
Só na África são gastos US$ 100 milhões anuais –o equivalente à receita anual do Brasil com exportações de frutas "in natura"–com o pesticida Fenitrothion para tentar controlar a praga.

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