São Paulo, terça-feira, 29 de março de 1994
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Revoada

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi um desabafo e tinha que ser no Aqui Agora. A semana começou longe da crise dos três poderes, longe da implantação do plano FHC. É uma semana de políticos em revoada, ou debandada, duas expressões usadas pelo noticiário popularesco, procurando demonstrar a sua revolta diante dos governantes em geral. Em certos casos, só faltou dar o nome.
Por exemplo, quando o Aqui Agora reclamou que "alguns foram eleitos há um ano e já fazem a alegria dos vices". Alguns, como o prefeito Paulo Maluf. Mas também alguns, como o ministro Fernando Henrique Cardoso, que fazem dos cargos "estações de baldeação". Mas, vai saber, pode ser para melhor, desta vez. "O país vai mudar de ponta a ponta. Tomara que melhore."
Campanha
Fernando Henrique, Walter Barelli, agora Maurício Corrêa. Os candidatos tucanos que vão deixando o ministério Itamar parecem ter programado um plano cada um, para ser anunciado por agora e servir ao lançamento das suas campanhas. Ontem à noite, em mais um discurso em rede obrigatória, o segundo em três dias, o ministro da Justiça fez saber sua prioridade de governo.
Para quem não se lembra, Maurício Corrêa é o nome dos tucanos para o governo do Distrito Federal. Ontem, depois de criticar a "demagogia vã", detalhou o programa que elaborou no governo Itamar e que deixou para anunciar dois dias antes de deixar o cargo. Nada de novo, mas serviu para ele atacar os "marginais e facínoras", que "se assanham pela recompensa fácil". É a campanha.
Equívoco
PMDB ou Ibope, ou ambos, saíram a campo para tentar arranhar o poder que foi acumulado pelo âncora Boris Casoy, do SBT. O próprio tratou de deixar claro que não vai aceitar a campanha calado. Já irritado, o âncora abriu dizendo que a coisa começou com "uma pesquisa de presidenciáveis encomendada pelo PMDB ao Ibope. Apareceram vários candidatos à Presidência, todos políticos, menos um: eu."
E soltou os cachorros: "Deve ser um equívoco, um equívoco sacana do PMDB, ou mais um equívoco dos vários do Ibope. Nunca fui, não sou candidato, não sou candidato a nada. Não sou inscrito em nenhum partido. Conheço os meus limites e sei, por decisão, que minha tribuna é o jornalismo e não a política."

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