São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Guarujá tem 1º caso e Baixada, 16 contaminados

MARCUS FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Guarujá tem 1.º caso e Baixada, 16 contaminados
O Serviço de Vigilância Epidemiológica de Guarujá (SP) divulgou ontem laudo do instituto Adolfo Lutz que confirma o primeiro caso de cólera na cidade.
O doente é um jovem de 19 anos, morador do bairro de Santa Cruz dos Navegantes, na periferia da cidade. Segundo a prefeitura, moram no local 3.000 pessoas sem rede de esgoto.
Guarujá tem 210 mil habitantes, segundo o censo de 91. Destes, 60 mil moram em 43 favelas. Segundo a prefeitura e a Sabesp, 50% das casas do município são servidas por rede de esgoto.
O instituto confirmou mais um caso em São Vicente. Com os dois novos casos, sobe para 16 o número de pessoas contaminadas pelo vibrião na Baixada Santista. Desde 17 de março, duas pessoas morreram vítimas da doença.
A Cetesb divulgou ontem análise feita em 22 locais da Baixada. À exceção da Estação Elevatória, que capta esgotos de Santos e São Vicente, não foi detectado o vibrião nas amostras analisadas.
O esgoto recolhido na Estação Elevatória, que fica no bairro do José Menino, em Santos, é bombeado para o emissário submarino.
Segundo a Sabesp, o emissário é uma tubulação submersa que joga o esgoto em alto mar, a 4 km da costa. Nessa distância, estudos apontam que os dejetos se dispersam no oceano devido às correntes e a sujeira não retorna à praia.
O instituto divulgou ainda análise feita em crustáceos recolhidos no canal dos Barreiros, em São Vicente. O vibrião não foi detectado.
A Prefeitura de Cubatão orientou os ambulantes da cidade a não comercializarem peixes ou frutos do mar. As demais prefeituras da região estão com equipes vistoriando o comércio de pescado.
A água do mar e a areia não são focos de contaminação do cólera, segundo a médica sanitarista Eliana D'Ascenzi, do Centro de Medicina Preventiva de Paulínia, conveniado com a Unicamp.
A médica disse que seria preciso beber uma quantidade muito grande de água do mar para uma pessoa se contaminar, o que é inviável para um ser humano.
"O cólera é transmitido, normalmente, através de alimentos contaminados. É preciso a ingestão. Só o contato com a pele, no caso da areia, não transmite a doença", afirmou.

Texto Anterior: Cresce procura por passagem para feriado
Próximo Texto: Presidente do São Paulo será secretário; O NÚMERO; Morre quarto preso em delegacia de BH; Idoso é preso por assédio sexual em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.