São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 1994
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Berlusconi deve ser novo premiê da Itália

HUMBERTO SACCOMANDI
ENVIADO ESPECIAL A MILÃO

A aliança de partidos de direita vencedora das eleições na Itália está pronta para governar. Os três principais partidos retiraram ontem as restrições que faziam um ao outro. O magnata da mídia Silvio Berlusconi é o provável novo primeiro-ministro do país. A indicação do novo premiê só será feita, no entanto, após a posse do novo Parlamento, em 15 de abril.
A direita reunida obteve maioria absoluta na Câmara dos Deputados, com 366 cadeiras. A oposição progressista, liderada pelos ex-comunistas do PDS, obteve 213 deputados. O centro (com dois grupos oriundos da antiga Democracia Cristã) ficou com 46. Para a maioria absoluta eram necessárias 315 das 630 cadeiras.
No Senado, a aliança de direita não conseguiu a maioria absoluta. Ficou com 155 das 315 cadeiras. Os progressistas terão 122 senadores. O centro, 31. Essa divergência entre Câmara e Senado deverá ser fundamental na condução do novo governo.
"É preciso que o Parlamento possa garantir a estabilidade à política e ao povo italiano", afirmou ontem o presidente do país, Oscar Luigi Scalfaro. Ele terá a incumbência de indicar o próximo primeiro-ministro.
A estabilidade é justamente o maior problema de Berlusconi. Ontem ele conseguiu mitigar as desavenças entre seus dois principais parceiros na aliança de direita, o líder da Liga Norte, Umberto Bossi, e o líder neofascista, Gianfranco Fini. Os dois partidos minoritários da coalizão têm interesses profundamente divergentes.
Fini lançou ontem a candidatura de Berlusconi ao cargo de premiê. "Ele lidera o maior partido vencedor e tem direito de chefiar o governo", disse.
Para Bossi, o fato de Berlusconi ser um dos maiores empresários do país pode ser incompatível com a chefia do governo. "Ele terá dificuldades com as leis que afetam os seus negócios", afirmou.
Os ex-comunistas do Partido Democrático de Esquerda, que tinham grandes esperanças de vitória, faziam ontem o balanço da derrota. Achille Occhetto, líder do PDS, desafiou Berlusconi a governar com uma coalizão dividida.
"Vamos ver se é capaz", afirmou. Ele disse que vai cobrar as promessas de campanha do empresário, "a começar pela criação de um milhão de empregos".

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