São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 1994
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Relação com dólar não será fixa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Não vamos atar o real na paridade de um por um com o dólar", afirmou o ex-ministro Fernando Henrique Cardoso, após ser questionado por parlamentares sobre os riscos de defasagem cambial por ocasião da criação do real. "Queremos evitar que haja um gargalo nas exportações."
Segundo Fernando Henrique, o governo tentará garantir a paridade do real com o dólar através do mercado, com a utilização de suas reservas. Disse que o governo brasileiro não está copiando experiências de outros países, como a da Argentina.
"A Argentina botou essa paridade na lei. Nós não vamos fazer isso", afirmou o ex-ministro da Fazenda. O ex-ministro disse ainda que o Brasil "não pode se dar ao luxo de atrasar o câmbio", por ser um país exportador. "Temos de de ter uma política cambial afinada com a produção industrial", afirmou.
O presidente do BC, Pedro Malan, disse que a tendência é o BC fixar uma margem de variação entre as duas moedas para cima ou para baixo (banda simétrica) ou determinar a paridade sem seguir um percentual pré-determinado (assimétrica).
O governo não vai engessar a paridade, como ocorreu no plano de estabilização da Argentina, disse ontem FHC. A Folha apurou, contudo, que a equipe pretende "congelar" o câmbio por dois meses, assim que for criada a nova moeda.
"Assim como não congelamos os preços, vamos continuar acreditando no mercado", afirmou FHC, em relação ao câmbio.
Indagado sobre a política monetária do governo após a criação da nova moeda, Fernando Henrique disse que "o juro real terá de cair, e vai cair". Segundo ele, os juros vão cair não por magia, mas por razões objetivas.
Entre essas razões, FHC citou o equacionamento da dívida externa. Ele lembrou que, com a assinatura do acordo da dívida, a partir do próximo dia 15, os empréstimos internacionais para o Brasil deverão ficar mais baratos.

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