São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Preços se acomodam com a URV

DA REDAÇÃO

A URV causou poucos estragos na economia. Decorridos 30 dias da estréia do indexador diário, há um novo ministro da Fazenda no lugar de Fernando Henrique Cardoso, autor do plano, e, no horizonte próximo, a nova moeda, o real.
Os preços enlouqueceram antes e depois da entrada da URV no cenário. Correram quase cinco pontos percentuais acima da inflação de fevereiro pelo IGP-M, que fechou em 45,71% o mês de março. Ruim para o bolso, o salto do custo de vida indica, porém, que o perigo da hiperinflação, temido pelos economistas assim que vigorasse a correção diária, era injustificado.
A corrida dos preços já perdeu seu fôlego inicial. O comércio paulista terminou a última semana de março reajustando suas mercadorias a uma velocidade inferior à do novo indexador. No mês, o Índice de Preços do Varejo apontou 43,3% de variação média –a mesma faixa de variação da URV.
O custo da cesta básica, flagelo dos assalariados de baixa renda, caiu 1,79%, se a URV for tomada como o índice de inflação. O teste do poder de compra dos salários ainda está por ser feito –só agora a sigla que resume a segunda fase do plano FHC passou a frequentar os hollerites. Mas se os índices servem para alguma coisa, os da Associação Comercial de SP mostram que o mês de março passado foi o melhor que os de 93 e 94.
Houve perdedores no primeiro mês de URV. As aplicações populares –poupança e fundão– não conseguiram acompanhar o galope da inflação nem o salto dos juros, que beneficiou outras aplicações. Os consumidores continuam pagando preços muito altos por várias mercadorias –o grupo de bens não-duráveis (como artigos de higiene e limpeza) subiu 52,48% no varejo, segundo a Federação do Comércio de SP. E, engalfinhados numa complicada negociação por margens de lucro, comércio e indústria só agora começam a se entender.
Após a confusão inicial, habitual em planos econômicos, a economia parece estar retornando a sua pacífica convivência com inflação alta. Se tudo continuar assim, a nova moeda, o real, virá em dois ou três meses. O governo já preparou 27 bilhões de reais (ou US$ 30 bilhões, total do valor das notas dividido pelo dólar de ontem). Para quem gosta de números redondos, a URV, que equivalerá ao real, baterá nos CR$ 2.000 ali pelo dia 1º de junho.

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sobre um mês de implantação da URV na pág. 2-3

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