São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Havelange não enxerga oposição, diz dirigente

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Joseph Blatter, secretário-geral da Fifa e eventual candidato a presidência da entidade que controla o futebol no planeta, afirmou à revista alemã "Kicker" que a oposição a João Havelange, seu atual superior, é crescente. "Ele só enxerga o que quer e pensa que todos estão a seu favor. Está equivocado", disse.
Segundo ele, "nem todos respaldam a reeleição de Havelange e isso não vale só para a Europa. Na própria América do Sul, seu continente, acontece o mesmo".
Blatter é um dos nomes mais cotados pela Uefa (União Européia de Futebol) para dar fim ao reinado de 20 anos de Havelange na direção da Fifa.
O brasileiro respondeu também em entrevista, só que para o diário italiano "Gazetta dello Sport". Disse que o apoio a sua candidatura está consolidado na África e na Concacaf (que reúne os países da América do Norte, Central e Caribe). "A competição começou e tenho gosto pelas batalhas. Não vou desistir", disse Havelange.
Para Blatter não há dúvida que "no fundo, Havelange está muito nervoso". O dirigente suíço avalia que o presidente "não se deu conta dos protestos e do clima de rebelião que se instalou ao seu redor".
Blatter declarou que o estopim da revolta começou com o enfrentamento entre Havelange e Pelé. Para ele, a decisão de não permitir o atleta do século de participar do sorteio da Copa dos EUA, no final do ano passado, foi um "desatino". "Aconselhei Havelange de que aquilo não pegaria bem, mas ele não me ouviu."
Havelange disse à "Gazzeta" que "sempre tratou Pelé como um filho", desde que o trouxe para a seleção brasileira com apenas 17 anos. "Quando eu era criança e faltava ao respeito com meu pai, ele me batia. Fiz a mesma coisa com Pelé", ilustrou.
O dirigente afirmou que voltará a tratar Pelé com afeição assim que o ex-jogador apresentar desculpas e mostrar que "aprendeu a lição".
O presidente se defendeu também das acusações de estar querendo mais um mandato por pura ambição pessoal. "Minha administração tem sido impecável, basta olhar os torneios que promovemos e quanto o futebol se desenvolveu nestes anos. É por isso que não vou desistir. Não tem nada a ver com ambição", afirmou.
A eleição na Fifa acontece um dia antes do início da Copa do Mundo, em 16 de junho. Já a Uefa, em reunião realizada quarta em Barcelona, já tomou decisão, não anunciada, sobre se lança ou não um candidato alternativo.
A divulgação ficou para para a próxima terça-feira, quando acontece encontro entre as cinco confederações continentais.

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