São Paulo, sexta-feira, 1 de abril de 1994
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Festivais lembram os 25 anos de Woodstock

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Woodstock vai voltar em dose dupla 25 anos depois. O festival de música mais famoso de todos os tempos poderá ganhar duas reedições de aniversário, no mesmo fim de semana, nos EUA.
Paz e amor não é exatamente a expressão de ordem mais usada entre os organizadores dos dois eventos.
Duas empresas diferentes estão se preparando para realizar na região de Woodstock, ao norte de Nova York, dois grandes shows para comemorar as bodas de prata do festival.
Não só marcaram as mesmas datas –13 e 14 de agosto próximos–, como, em alguns casos, querem os mesmos músicos.
O festival Bethel'94 espera atrair pelo menos 80 mil pessoas para a mesma fazenda onde aconteceu o Woodstock original, dias 15, 16 e 17 de agosto de 69.
Bethel é o nome de uma cidadezinha de 4,1 mil habitantes que fica a cerca de 130 km de Nova York.
A empreitada é comandada por Sid Bernstein, 75, responsável, entre outras coisas, pela vinda das bandas inglesas Beatles e Rolling Stones aos Estados Unidos no início dos anos 60.
Bernstein foi o único a conseguir, depois de anos de insistência de vários grupos, a fazenda de 37 acres onde Woodstock aconteceu. O outro festival, o Woodstock'94, está sendo organizado pelo mesmo grupo que realizou o primeiro, há 25 anos. Como não conseguiu o mesmo local, o grupo planeja o evento em uma fazenda (com cerca de 1,6 quilômetros quadrados) próxima à cidade de Saugerties, há 96 km ao norte de Bethel.
Joel Rosenman, um dos organizadores do primeiro Woodstock (os outros dois são John Roberts e Michael Lang), diz que quer levar 250 mil pessoas para Saugerties no Woodstock'94.
Rosenman, hoje na faixa dos 50 anos, afirma que Bethel'94 é inoportuno e que pode estragar a sua festa. Sid Bernstein rebate: "Bethel'94 é o festival da consiência, o deles, o do dinheiro".
A corrida em busca do estofo financeiro e musical já começou. No campo econômico, a Woodstock'94 já teria fechado acordo com a gravadora Polygram e com outros grupos para levantar os US$ 20 milhões que precisa.
Bethel'94 já bancou as garantias necessárias à cidade de Bethel e está fechando acordos com outros grupos para conseguir US$ 10 milhões. Sid Bernstein teria por trás a rede de TV mexicana Televisa.
Os dois grupos estão viabilizando acordos com emissoras de TV, empresas como a MTV americana e indústrias de refrigerantes para conseguir retorno financeiro.
Nenhuma das partes revela maiores detalhes. Sequer confirmam as especulacões sobre quem já está financiando o que. "Estamos em uma competição", diz.
Na área artística, os dois grupos têm os mesmos interesses sobre alguns nomes. Mas, de um modo geral, Bethel'94 começa a ser identificado como um festival que vai reunir boa parte dos que estiveram no festival de 69. Bethel'94 também quer trazer alguns grupos novos e de outros países.
Woodstock'94, por sua vez, aposta fichas em grupos atuais. Dos dois grupos, é o que menos revela informações. A Polygram, que estaria por traz desse evento, é a gravadora de nomes como U2, Bon Jovi e Sting.
Os felizardos que participaram do Woodstock em 69, ou mesmo os jovens que sonharam a vida inteira com um dos maiores eventos hippies da chamada era de Aquário, poderão ter esta segunda chance. Mas vão encarar restrições.
A primeira é que será expressamente proibida a entrada de álcool –além de drogas– nos dois festivais. Além disso, ingressos para Bethel'94 serão vendidos a US$ 150 (para os dois dias). Rosenman ainda não definiu o preço da entrada para o Woodstock'94, mas especula-se que será o mesmo.
Os organizadores mais do que inflacionaram os US$ 18 pagos em 1969 para ver nomes como Jimi Hendrix, Janis Joplin e The Who.

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