São Paulo, sábado, 2 de abril de 1994 |
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Eficiência social Ao menos no campo da retórica, as primeiras manifestações de Rubens Ricupero já como indicado para o Ministério da Fazenda têm sido na direção correta. O diplomata defendeu como "sagrada" a austeridade fiscal do governo e ressaltou o imperativo de incluir no cerne das políticas oficiais a preocupação com a questão da justiça social. Nesse sentido, há um claro repúdio à tese, tanto defendida durante o regime militar, de que é preciso primeiro fazer o bolo crescer para depois dividi-lo –tese que reforçou uma das distribuições de renda mais perversas de todo o mundo. Quando se debate a necessidade –indiscutível, aliás– de melhorar a qualidadade dos serviços sociais do poder público, como saúde e educação, é preciso no entanto ter em mente uma aspecto crucial do problema que, no Brasil, tem sido sistematicamente deixado de lado, tanto na prática quanto na retórica. Trata-se da crônica e notória ineficiência com que o Estado administra o dinheiro dos contribuintes. De fato, reclama-se muito por um aumento dos recursos destinados a esses setores, e muito pouco sobre a necessidade de gastar bem os já apreciáveis montantes disponíveis. O corolário dessa situação é que sempre acaba-se defendendo que os impostos precisam aumentar para que o Estado possa cumprir devidamente suas funções, quando tudo indica que poderia fazê-lo com as verbas atuais, desde que fossem aplicadas com razoável eficiência. Num país com tantas carências quanto o Brasil, em que escolas funcionam como que semi-arruinadas e postos de saúde têm falta de seringas e esparadrapos, o desperdício assume caráter tão dramático quanto revoltante. Qualquer pretensão oficial de começar a resgatar a enorme dívida social do país passa assim necessariamente por um combate enérgico, sem tréguas, à ineficência e ao desperdício que corroem o dinheiro da sociedade nos meandros da máquina estatal. Texto Anterior: Carros e estufas Próximo Texto: Ressuscitar a revisão Índice |
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