São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994
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BC deve autorizar esta semana uso da URV em crédito pessoal

DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central deverá autorizar nesta semana bancos e financeiras a operarem o crédito pessoal indexado à URV (Unidade Real de Valor). O crédito pessoal é aquela modalidade de empréstimo que o cidadão pode recorrer ao banco para tomar dinheiro e f
azer com ele o que quiser. É uma extensão daquele crédito dirigido para a compra de um bem específico, tipo geladeira ou fogão.
Será um produto voltado para o consumo. Esta decisão do BC representa, na visão do governo, a terceira etapa da introdução da URV nos negócios realizados no mercado financeiro. Depois de criado o crédito pessoal, o BC pretende começar a analisar a permissão para o lançamento de aplicações financeiras neste indexador. Mas sem pressa.
O diretor de Política Monetária do BC, Alkimar Moura, disse a representantes do mercado financeiro, em reuniões na semana passada, que o estilo adotado para a introdução da URV nos negócios é de cautela.
"Já autorizamos o mercado futuro a operar em URV, assim como o desconto de duplicatas", afirmou. "A próxima permissão será para as operações de crédito pessoal e só numa quarta etapa criaremos a colocação de papéis."
Moura deixou claro que não pretende implantar tudo de uma vez, como espera o sistema financeiro. "O BC analisa a reação do mercado e depois ajusta", afirmou. "Não quer fazer nada sem verificar primeiro a demanda. Tudo será feito gradualmente."
Entre as possibilidades admitidas pelo BC, bem ao estilo de gradualismo adotado na colocação da URV nos negócios do mundo financeiro, está a criação de um fundo de investimento que teria, ele sim, a possibilidade de comprar papéis indexados. A população acessaria aplicações em URV através deste fundo.
Os bancos, por sua vez, venderiam seus CDBs em URV apenas para este fundo. "Queremos que a introdução da URV no mercado financeiro seja um processo dependente das necessidades e não uma urgência", disse Moura. O pessoal do mercado financeiro, porém, tem fortes expectativas em relação à aprovação da venda de CDBs indexados à URV.
Para Carlos Fagundes, diretor financeiro do Banco Itamarati e presidente da comissão de captação da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), o governo age com cautela por estarmos vivendo um mundo novo.
"O BC parece ter receio de que a URV nas operações com CDBs acabe matando os negócios prefixados", avalia Fagundes. "É que há, ainda, um lote muito grande de BBCs, os títulos prefixados vendidos pelo governo aos bancos e fundos de investimento."
Além dos CDBs, os bancos pleiteiam que o BC inclua nas autorizações para o uso da URV desta semana o empréstimo para capital de giro das empresas sem garantia em duplicatas.
"Os bancos desejam o produto, assim como alguns investidores", afirma Fagundes. "Solicitamos, também, que os CDBs não tenham limites mínimos de prazo."
Os CDBs em URV seriam papéis pós-fixados e as instituições pretendem conseguir que o BC autorize o produto sem o estabelecimento de prazos mínimos. Hoje, um CDB pós-fixado em IGPM tem prazo de um ano.

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