São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994
Próximo Texto | Índice

Terceirização consagra a qualidade

LUÍS NASSIF

A subdivisão do trabalho cada vez mais exige da pequena empresa excelência de produção
O melhor amigo da grande empresa é a pequena empresa. Esta história de paixão incontida foi desvendada pelos japoneses, lá pelos idos dos 70.
Até então, a gestão empresarial era centralizada, tanto nas pequenas quanto nas grandes corporações. Quando o gigantismo começou a tornar disfuncional esse estilo, coube aos japoneses instituir novas formas de gestão empresarial que revolucionaram a economia mundial.
O primeiro avanço foi subdividir as grandes corporações em pequenas unidades de negócios. Cada unidade passou a ser analisada individualmente, como se fosse uma empresa independente. Analisavam-se isoladamente seus custos, seu faturamento, sua produtividade.
De início, essa subdivisão visava permitir aos diretores uma visão mais detalhada sobre a situação da empresa, identificando mais rapidamente pontos de estrangulamento ou de ineficiência.
Com o tempo, à medida em que este modelo avançava, abriu espaço para a terceirização. Como cada núcleo era tratado como uma empresa independente, não houve dificuldades quando, em algumas fases do processo, as empresas passaram a substituir a produção de determinadas unidades por produção externa.
Estava consagrado, aí, o princípio da terceirização. As grandes corporações passaram não apenas a comprar insumos de fora, como até a contratar de terceiros parte do processo de produção. Em alguns casos, esses terceiros eram funcionários da empresa que foram estimulados a montar seus próprios negócios.
No Brasil, o processo de terceirização começa a avançar rapidamente. Em parte devido à distorção de encargos trabalhistas excessivamente elevados. Mas em parte devido à saudável conscientização sobre a importância de a empresa se concentrar em sua especialidade específica, comprando de terceiros o restante.
Ocorre que, nos últimos anos, aumentaram expressivamente a qualidade e as exigências das grandes empresas. Processos como a ISO-9000 passaram a fazer parte do universo das grandes corporações, obrigando seus fornecedores –sendo micros, pequenos ou médios– a manter padrões de qualidade semelhantes.
Neste novo jogo, à economia de custos que caracteriza sua estrutura, as micro e pequenas empresas terão que agregar a excelência de produção, para se colocarem à altura do novo padrão de exigência da economia. Aceita-se que não se seja o maior, mas ser o melhor não é questão de tamanho, é de vontade e competência.
À medida em que este processo se dissemine pelo país -inclusive com o apoio competente de instituições como o Sebrae-, estarão sendo plantadas as sementes que germinarão na próxima geração de grandes empresas brasileiras.

Próximo Texto: Mude tudo e aprenda a arte do consenso
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.