São Paulo, domingo, 3 de abril de 1994
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Palmeiras tenta enterrar a crise

MÁRIO MOREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Vencer um clássico para tentar sepultar a crise instalada no Parque Antarctica nas duas últimas semanas. É esse o desafio do Palmeiras hoje, às 16h, no Pacaembu, quando a equipe enfrenta o Santos pelo Campeonato Paulista.
A grande novidade do campeão brasileiro para a partida desta tarde é o retorno do atacante Edmundo, que se recuperou de uma contusão na coxa direita e substitui o meia Edílson, suspenso.
A vitória sobre o Guarani, sexta-feira, por 4 a 2, soou entre os jogadores como o prenúncio de uma nova fase de triunfos.
"Agora o astral vai melhorar novamente", afirmou o lateral-esquerdo Roberto Carlos. "De agora em diante, o cansaço não pode existir", declarou.
"O que estava faltando era futebol", disse o meia Zinho, após a partida contra o Guarani. "Mostramos que o Palmeiras está vivo e que vamos em busca do bi."
Segundo o técnico Wanderley Luxemburgo, "o grupo recuperou sua identidade, porque os jogadores estavam um pouco dispersos".
O Palmeiras sentia o efeito da disputa de três torneios simultâneos e entrou na sexta-feira com três derrotas consecutivas.
Luxemburgo alertou para a necessidade de a vitória de sexta "ter sequência". Afirmou, porém, que a partida de hoje deve ser difícil, pela ascensão do Santos no campeonato e por se tratar de um clássico. "Vai ser um jogo bonito."
As pressões da torcida por mudanças no time não foram bem digeridas pelos jogadores do Palmeiras. A maioria acha que os torcedores têm direito de se manifestar, mas que deveriam apoiar a equipe.
A insatisfação com a torcida ficou patente no comentário do meia Rincón, quando foi substituído no segundo tempo contra o Guarani.
Ao ouvir seu nome gritado em coro pelos torcedores, o colombiano disse que a homenagem não o comovia. "Quando o time estava em baixa, eles não nos apoiaram."
"Somos seres humanos, estávamos tristes. Qualquer jogador quer a torcida do seu lado", disse Zinho. "Talvez os torcedores pensem que não temos direito de errar", afirmou o atacante Evair.
"Os palmeirenses precisam saber que não são apenas torcedores. Quando vão ao estádio, eles têm uma participação direta no jogo. Com o apoio da torcida, às vezes o jogador extrai forças que nem sabe que possui", disse César Sampaio.
O fato de terem comemorado os quatro gols contra o Guarani somente entre eles, sem correr para junto das arquibancadas, foi explicado pelos jogadores como uma demonstração de união.
"O grupo está fechado. Não estamos ligando se nos chamam de mercenários", disse o volante Mazinho. "Em vez de ficarem gastando dinheiro com bobagens, por que os torcedores não o dão a uma instituição de caridade?", questionou, referindo-se às faixas de protesto exibidas sexta-feira no Parque Antarctica.
Quem ficou mais tranquilo com o comportamento da torcida no jogo contra o Guarani foi justamente o alvo maior das críticas: o treinador. "Gostei da presença dela. Teve uma participação importante", afirmou Luxemburgo.

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